domingo, dezembro 31, 2006

Feliz Aniversário A.

O que posso desejar para o aniversário e concomitantemente para o Novo Ano?
Primeiro que aproveites o Sol e as praias da Tailândia, que te divirtas e te renoves.
Não costumo fazer futurologia, mas contigo é fácil, 2007 transborda de amor, de felicidade e de sonhos partilhados, que seja eterno.
Ainda a fazer futurologia, em 2007 estaremos juntas, novamente, em Portugal ou na Suécia.
Até lá, que o mar de doce amor inunde os teus dias com uma nostálgica preguiça feliz.
Muitos, muitos parabéns A.
Canela

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Feliz Ano Novo

O que pretendo de 2007?

Sem euro milhões:
Pretendo apenas, ter ao meu lado, felizes e com saúde, as pessoas que tanto amo. Só assim sou feliz.

Com euro milhões:
Pretendo: ter ao meu lado, felizes e com saúde, as pessoas que tanto amo.
Comprar uma mansão, com vista para o mar.
Meter-me no primeiro avião disponível e viajar directamente para os chamados “bancos de morte”, aqueles onde várias crianças aguardam, pacientemente, por um desfecho de vida. Talvez, de uma só vez, traze-las todas.
A casa tinha, ainda, de ter espaço suficiente, para vários animais abandonados, sobretudo cães.
Finalmente, um último devaneio, comprava um Chow-chow, não sei se dona D. (a minha rafeirinha linda!) iria aceitar esta ideia, de bom grado, julgo que não, até porque, está hiper mimada.

A todos, com ou sem euro milhões:
Espero que vejam realizados todos os vossos desejos, desde de que, estes incluam amor.

À pintura:

Salvador Dali in "La Font", 1930

À poesia:

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer.

Têm dolências de veludos caros,
São como sedas brancas a arder…
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda…
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei…
E, nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca in “Os versos que te fiz”

À música:



O Mestre Carlos Paredes



Canela

O poder de um vocábulo

Sozinha. É assim que quero entrar no novo ano. Não vale a pena insistirem nos convites, nas seduções, nas comoções, porque quero ficar tranquilamente, confortavelmente, seraficamente no meu “santuário”. Preciso da paz, da protecção, do descanso do meu “refúgio”. Preciso urgentemente de três dias de completo repouso.
Com a garantia, de que, no inicio do novo ano estarei “brand new".





Canela

Ando...

Cansada e sem paciência para laxismos, incompetências e para situações que criem desigualdade entre os diferentes contribuintes. Por esta razão, ultimamente, tenho-me dedicado mais aos livros de reclamações, do que ao “blog”. Espero que a situação se inverta rapidamente.
Mais um desabafo.

Canela

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Procura-se um amigo*

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor…
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

*"Procura-se um amigo" in Vinicius de Moraes



Canela

quarta-feira, dezembro 27, 2006

terça-feira, dezembro 26, 2006

Take my hand*



*Dido in "Take my hand"

Canela

Parabéns Dona T.

A minha Dona T. faz hoje 94 anos.
A minha Dona T. tem uns lindíssimos olhos de água e um sorriso arco-íris.
A minha Dona T. vive sozinha com o amor de toda a sua vida, o senhor A, sem mais ninguém, porque não tiveram filhos. Nesta altura, o seu amor encontra-se limitado a um quarto, mais concretamente, a uma cama e a minha Dona T. cuida dele com todo o carinho e enlevo, mas…sozinha. Talvez agora, não tão sozinha, porque arranjou muitos amigos, as assistentes da segurança social que diariamente chegam com cuidados e muito amor, os técnicos de saúde que vivem permanentemente em alerta e que dentro das suas maletas transportam tantas palavras de alento e carinho. E, mais um conjunto de corações carregadinhos de amor que a Dona T., tão bem, sabe cativar. A todos os que cuidam da minha Dona T. e de muitas mais Donas T. espalhadas pelo mundo, o meu eterno e profundo agradecimento. Que bom seria se cada um de nós, pelo menos, uma vez na vida, olha-se para o lado e encontra-se uma Dona T. Que bom seria se cada Dona T. ou senhor A. espalhados pelo mundo, tivessem tantos amigos a transportar cuidados e carinho. Se todos soubessem que ao tratar de uma Dona T. recebem muito mais, do que, algum dia, conseguem dar, o mundo seria um local onde não existiria abandono.
Hoje soube-me pela vida o sorriso arco-íris da minha Dona T.
Feliz aniversário Dona T. e que esta data se repita por muitos e longos anos.
Canela

Sempre gostei…

Do Natal, porque os meus pais sempre o tornaram mágico. Inacreditavelmente mágico. Este ano repetiu-se a magia. Segundo eles, a explicação é simples: desde de que nasci, o presépio dentro de casa, passou a fazer-se ao vivo. A única parte do presépio que continuo a desconhecer, por mais perguntas que faça, é a dos reis magos. Quem deixava cair o saco dos presentes pela chaminé? A resposta também é invariavelmente a mesma. Sorrisos no rosto e mudança de tema.
Gosto do bulício na cozinha, onde, a mim só me cabem duas tarefas, decorar com canela, normalmente, a aletria e compor a tábua de queijos. Adoro o cheiro a creme torrado e os meus indispensáveis bolinhos de bolina.

Gosto de decorar a mesa para a ceia, aliás, esta é sempre uma tarefa que me cabe a mim, porque, segundo dizem, só eu, para perder tanto tempo com pormenores. E são precisamente os pormenores, que, tanto me cativam. Este ano, o meu “designer” predilecto teve esta reacção: “Está linda, filha!!!”.

Obrigada paizinho.

Canela

Auto-retrato

Eu vivo sempre no mundo da lua.
Porque sou uma cientista
O meu papo é futurista
É lunático

Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho uma alma de artista
Sou um génio sonhador
E romântica

Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou aventureira
Desde o meu primeiro passo
Pro infinito

Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
Se você quer vir com a gente
Venha que será um barato

Pega carona nessa cauda de cometa
Ver a Via-Lactea, estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar para casa nosso lindo Balão azul.



Moraes Morreira, Bebel Gilberto, Baby Consuelo, Ricardo Graça Mello e Aretha in "Meu lindo balão azul"

A letra da música foi devidamente alterada para que se adapte perfeitamente!



Como vês J. não é o tipo barrigudo, de barba branca, vestido de vermelho que anda muito distraído. O problema sou eu! …não largo a cauda do cometa e a via Láctea! Coitado! Devo dar-lhe uma trabalheira…um dia destes, ainda põe as barbas de molho e eu que me amanhe!


Canela

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Feliz Natal

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.


Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.


De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

Alexandre O'Neill in "Há palavras que nos beijam"

Que neste Natal, apenas pairem no ar, palavras de imenso amor.
Beijinhos a todos

Canela

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Encontros e Desencontros

Ontem foi fazer, o que penso serem, as últimas compras de Natal!
Faltava-me o café aromatizado com chocolate que eu e os meus pais tanto gostamos.
Numa das lojas Club del Gourmet descobri que o café estava esgotado.
E o aromatizado com canela? Esgotado.
Comprei um aromatizado com frutos exóticos. Incrível !!!
Frustradíssima e sem o café aromatizado com chocolate, foi ver os chás e… eis senão quando!... Encontro o “Spice Blend from Stockholm – Ett mustigt, aromatiskt te med högklassiga indiska kryddor bl a kanel, kardemumma och kryddnejlika”, tradução: mistura de chás de Ceilão aromatizado com canela da Índia, cardamomo e cravinho. Fantástico !!!
Já de saída encontrei a Rosinha o N. e o meu sobrinho X. Magnífico!!!
Quando cheguei a casa fiz um chá muito quentinho, mas não do que comprei. Este veio do paraíso!!... Maldivas. Delicioso em todos os aspectos…!!!

Canela

Férias, Congressos e Afins…

Parlamento, construído entre 1884 e 1904, estilo neogótico

Existem sempre locais que nos tocam, pelas mais diversas razões. Este país destaca-se pela sua história (sucessivas batalhas travadas com os turcos e pelas várias referência ao império austro-húngaro), pela sua arquitectura (mistura de vários estilos: medieval, barroco, neoclássico, etc.) e pela sua cultura.

Hotel Gellért, construído entre 1911 e 1918, estilo modernista, ao qual foram acrescentados mais tarde os banhos, um verdadeiro SPA!!! com os melhores banhos turcos que conheço.

Nas minhas viagens guardo particularmente as minhas histórias. As histórias de alguém que têm um mundo próprio, ao qual, os outros chamam o mundo da lua, ou como diz a Piro “ o mundo Bright Jones, sempre recheado de histórias”.
As peripécias começaram logo ao nível da comunicação, ao descobrir que apenas os mais novos falavam inglês…
Com os mais velhos, principalmente nos locais de comércio, tentei de tudo, inglês, francês e vestígios de alemão, como nada resultava, adoptei a técnica mais antiga da comunicação... passei a desenhar.
No segundo dia farta de desenhos decidi aprender húngaro! Contudo, só muito mais tarde, percebi que existem dois tipos de discurso: um de linguagem corrente (que eu praticava!!!!) e outro mais coloquial, que, normalmente, se usa com as pessoas mais velhas. Eu, de facto, achava estranho as expressões faciais, dos meus interlocutores, mas sempre as associei ao meu péssimo húngaro. Mais tarde descobri, que também, tratava todos por “tu”!
A história, inesquecível, passou-se na ilha Margarita, localizada a meio do Danúbio.
Na tarde em que decidi visitar a ilha reparei que logo à entrada existia um espaço de aluguer de bicicletas. Como a ilha ainda era relativamente grande optei pela melhor solução – alugar uma bicicleta!!!!
O passo seguinte foi pôr-me a caminho. Mas este caminho tinha uma acentuadíssima inclinação descendente…. Rumo ao centro da ilha, em altíssima velocidade, deparei-me com um senão…a minha bicicleta não tinha os habituais travões de mão!!! Numa fracção de minutos tentei esmiuçar toda a bicicleta, numa árdua tentativa de encontrar os travões…. Esforço vão. Nada. Rigorosamente nada. Em desespero e já muito, muito, muito mesmo, perto de uma estátua a decisão foi fácil… atirei-me para a relva, enquanto a bicicleta batia violentamente contra esta. Não sobrou um único raio da roda dianteira para contar a história…!
O senhor, do aluguer de bicicletas, olhava estupefacto para a cena, enquanto se formava uma fila de pessoas, que aguardavam pelo aluguer da próxima.
Tentei alugar outra bicicleta. Desnecessário será dizer, que o pedido me foi veemente recusado.
Muito mais tarde foi-me explicado que deveria ter andado com os pedais para trás (sinónimo de travões!!!). Pena foi ter sido tão tarde!!! Aprendi.

Canela

Paixões...

Acordar com esta música...
...
and through it all she offers me protection
a lot of love and affection
whether I’m right or wrong
and down the waterfall
wherever it may take me
I know that life wont break me
when I come to call she wont forsake me
I’m loving angels instead ...

Robbie Williams in Angels



Canela

terça-feira, dezembro 19, 2006

Sob Avaliação

Quem me conhece sabe que sou normalmente despistada, muito despistada.
Quem me conhece sabe que quase tudo me passa ao lado, muito ao lado.
Mas também, quem me conhece sabe que basta olhar-me nos olhos, para adivinhar o que me vai na alma.
Os que realmente me conhecem conseguem adivinhar-me os pensamentos e muitas vezes por brincadeira, dizem que a comunicação comigo se faz por telepatia.
Talvez por esta razão, hoje não tive, sequer, necessidade de responder à pergunta “vem?”, bastou-me um simples encolher de ombros e a interpretação foi imediata “compreendo!”. Relativamente à segunda interpelação “mas por nós viria?” a resposta também se tornou óbvia, bastou-me sorrir “sei que sim!!!”.
A clarividência da situação está em não querer compactuar com mentiras, em não querer entrar em jogos cobardes, em não querer arrastar-me pelo lado obscuro da vida.
Quanto às atitudes que cada um assume como suas, não tenho por hábito tecer juízos de valor, condenar ou julgar. As pessoas de quem realmente gosto são importantes, pelo simples facto, de já as ter escolhido para mim (sem nenhum sentimento de possessão associado).


Canela

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Confidencial*

Não me perguntes, porque nada sei
da vida,
nem do amor,
nem de Deus,
nem da morte.
Vivo,
amo,
acredito sem querer,
e morro, antecipadamente
ressuscitado.
O resto são palavras
que decorei
de tanto as ouvir.
E a palavra
é o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
sem nada perguntar,
vê, sem tempo, o que vês
acontecer.
E na minha mudez
aprende a adivinhar
o que de mim não possas entender.

*Miguel Torga, in "diário XVI"

Não esperes que te condene, porque nunca o farei.

Canela

domingo, dezembro 17, 2006

Curtas Metragens...



Canela

Quando os olhos nos obrigam...

A pecar...


Este é um fim de semana com muitos pecados...mortais
Canela

sexta-feira, dezembro 15, 2006

From: Canela

To: You


I don't want a lot for Christmas
There's just one thing I need
I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is... You
...
(Mariah Carey in All I Want for Christmas)





Kisses and an Huge Xi-coração to you my friend




Canela

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Dias que nos comovem…

Quando pensamos que somos só mais um, que não tivemos importância nesta ou naquela situação, que temos sempre um papel muito ingrato, na vida. Aqui, vêm a vida e troca-nos todas as voltas. Hoje de manhã foi assim, com muitas voltas trocadas. Hoje de manhã, um grupo de pessoas que foram e são muito importantes para mim, decidiram demonstrar-me o quanto foi e sou importante para eles. Hoje de manhã comovi-me e chorei. Hoje de manhã houve abraços e beijos e muita comoção. Hoje foi uma manhã com mútuas declarações de amor…
Canela

terça-feira, dezembro 12, 2006

O Arranca Corações*


-Então – disse ele. – tudo isso é medo?
Arrependeu-se logo dessa grosseria, mas não tardou a achar uma desculpa para as suas palavras, ao pensar que isso não poderia chocar uma pessoa que já de si era grosseira.
-Senta-te… - propôs-lhe ele. – Acolá… em cima da cama.
-Não me atrevo… - disse ela.
-Ora vamos lá – disse Jaimemorto. – Não sejas tímida comigo. Estende-te aí e põe-te à vontade.
-Tenho que me despir? – perguntou ela.
-Faz como entenderes – disse Jaimemorto. – Se te apetece, despe-te, se não, não te dispas. Põe-te à vontade… É tudo quanto te peço.


*Boris Vian in “L’arrache-coeur”
Canela

Ausências

Eu, Rosie, eu se falasse eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
De um par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une - é estar ausentes.

Reinaldo Ferreira in "Eu Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia" em Moçambique

Imagem quadro de van Gogh "Mand met viooltjes op een tafel", 1886

Canela

O que os homens mais temem...

São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher...

Vinicius

Canela

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Feliz Aniversário Piro

Como se deseja um feliz aniversário a alguém que partilha connosco o “blog” e a vida?
Como se deseja um feliz aniversário a alguém que nos deixa sempre na esperança de um telefonema diário?
Como se deseja um feliz aniversário À AMIGA?
Hoje tento lembrar-me de como começou a nossa história de amizade, de como nos olhamos pela primeira vez, de quanto tempo foi necessário para nos cativarmos, mas a memória começou a trair-me em relação à contagem relativa do tempo, por isso, diz-me que somos amigas à uma vida, que viajaremos sempre juntas e eu acredito!!!
Nesta viagem que decidimos encetar juntas, eu estarei sempre a teu lado, poderás usar sempre o meu ombro, os meus pés e enquanto não sofrer de arteriosclerose a minha cabeça!!!
A estrada que te conduz futuro adentro, estará sempre recoberta de pétalas de jasmim perfumadas com canela, terá sempre um intenso odor doce de amor e felicidade e será ladeada por trepadeiras de dias soalheiros imersos em águas cálidas exalando um intenso sabor a mar. Que nesta estrada, nunca faltem os amigos, os sorrisos em rostos felizes e a saúde para harmonizar a vida.
Que tenhas um aniversário muito, muito feliz amiga.
Canela

domingo, dezembro 10, 2006

Para completar o ramalhete...

A minha mãe diz-me que o almoço de hoje vai ser arroz de cabidela... !!! começo a pensar seriamente que existe uma conspiração gastronómica contra mim...socorro!!!

Canela

Pecado da gula...

Tenho de agradecer ao N., à R. e ao meu sobrinho X. (como ele próprio diz: a cria do N. e da R.) de 5 anos de idade, agora um pouco “Edentata”, mas enciclopédico no que toca a dinossauros, o magnifico pão-de-ló de Ovar, com o qual me presentearam logo pela manhã.
Aliás, este agradecimento resume-se, apenas, ao transporte da preciosidade.
A verdade é que, quem confeccionou o magnífico pão-de-ló e mo ofereceu, foi a mãe do N., a Dona C., que me adora e me mima, também, desde o tempo da faculdade.
Para a Dona C. que eu ADORO, um beijinho tão grande e tão doce, quanto o seu pão-de-ló.
Já agora, aproveito para dizer que, qualquer semelhança entre o genuíno pão-de-ló de Ovar, confeccionado pela Dona C. e os restantes à venda no mercado, passa unicamente pelo campo meramente visual, quanto ao sabor não existem coincidências!!!!
Aproveitando o embalo dos agradecimentos, agradeço aos meus pais os deliciosos pastéis de Tentúgal que me trouxeram também ontem!!!
Não sei, se é pelo facto de ser gulosa ou se foi mera coincidência, dou por mim a alterar, o meu tradicional pequeno-almoço de café com leite e torradas com manteiga, para alternadamente, café com leite e pastéis de Tentúgal ou café com leite e pão-de-ló de Ovar!!!
Agora, apenas um pensamento me assola o espírito, depois dos aniversários, dos pastéis de Tentúgal, do pão-de-ló de Ovar e do Natal, espero que os meus níveis de glicémia e colesterol se mantenham dentro dos valores de referência e que, eu não acabe por vestir…a barraca de praia!!!!
Canela

sábado, dezembro 09, 2006

E hoje foi assim…

De manhã decidimos ir fazer compras ao “Stock Market”, ficamos apenas pela decisão, as compras ficaram adiadas pelos encontros e sobretudo pela multidão, que incompreensivelmente tomou a mesma decisão…devíamos ter ido ontem!!!!
Um almoço fantástico com os amigos de longa data, I. e J., N. (X.) R.
Um lanche verdadeiramente magnífico, na casa da Dona M. A., mãe da I. e praticamente minha segunda mãe, desde os tempos da faculdade, uma das pessoas mais doces que conheço e que ADORO.
Ao lanche tinha à minha espera (à mais de um ano) um chá, só para mim (sim!!! porque isto dos mimos das mães é só para alguns!!!!), verdadeiramente magnífico – “Glöss Tea flavoured with spices” “from Stockholm”. Este, a A. que me desculpe, mas vai ter de o trazer, é pena que só exista na época do Natal!!!
Para a Dona M. A., o meu eterno obrigado pelo chá, pelos eternos calendários adventícios de chocolate na época de Natal (dos quais tenho tantas saudades!!! este ano a minha mãe deu-me um, mas não é o mesmo!!!) e principalmente por todo amor que me dedica e que eu, nem sempre tenho sabido retribuir. Um beijinho grande.
Por último, a vocês… isto só, para não dizerem, que não vos dei a oportunidade de comentarem…!!!
Eu fico à espera :) !!!
Canela
P.S. - Vá lá!!!... agora, também não digam, que não vos ocorreu algo engraçado para dizerem!!! :(

Paixões...

O crepitar da lareira, nos dias frios de inverno...
Canela

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Feliz Aniversário J.

No inicio comecei por admirar a tua inteligência, a tua capacidade de transmitir conhecimentos, a tua capacidade de análise, o teu sentido de humor, o sorriso constante no teu rosto, mas isto, foi no tempo, em que, tu eras o professor universitário e eu era a aluna.
Agora no tempo d' amizade, fazes parte da minha vida amigo!!! E, não imagino as nossas noitadas sem a tua presença, sem a tua guitarra, sem as tuas músicas, sem te ouvir cantar o teu fado predilecto, sem a tua constante boa disposição, sem as tuas brincadeiras e principalmente sem o teu “Shining Smile”
O jantar de Natal está a chegar…
Mas neste instante, elevado ao infinito, espero que tenhas um aniversário carregadinho de melodiosa felicidade.
Feliz aniversário J.

Canela

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Paixões...

O album "Staring at the sea – the singles”
The Cure



Canela

Jasmim

Quando passas a meu lado,
E que olhas para mim,
Tornas-te da cor da rosa,
E eu da cor do jasmim.

Vê tu que expressões dif’rentes
Da nossa mesma ansiedade:
A cor da rosa é despeito,
A palidez é saudade!

Florbela Espanca in "Que Diferença!..."


Canela

Há dias assim...

Hoje é um daqueles dias, que para ser perfeito, só nos faltam guelras!!!!

Canela

terça-feira, dezembro 05, 2006

Feliz Aniversário E.

Poderia simplesmente desejar-te um feliz aniversário, mas não!!!
Como olharia depois para o espelho?
Quão distorcida ficaria a minha própria imagem?
Tu sempre foste o meu alter-ego, a minha imagem reflectida, a que transporta a história de uma vida.
Pelos risos, pelas lágrimas, pelas alegrias, pelas tristezas, pelos milagres e pelas perdas, pela mútua partilha de vida, ou desejo-te abundância na felicidade, no amor, nos amigos, na saúde, em suma na vida.
Existem ligações que transcendem o nosso conhecimento.
Muitos, muitos parabéns amiga.

Canela

Sei lá eu, o que queres dizer...

Talvez por não saber falar de cor...imaginei

Canela

A Solução...

Segundo um estudo realizado pela Doutora Ana Cardoso de Oliveira, do Serviço de Higiene e Epidemiologia da FMUP, 48% dos portuenses com 45 anos ou mais apresentam risco de desenvolver insuficiência cardíaca.
Neste estudo, uma das razões apontadas como conferindo uma certa protecção é o estado civil. Dentro do grupo de estudo, os indivíduos (homens e mulheres) casados ou em união de facto apresentaram melhores resultados do que os solteiros, divorciados ou viúvos.
Neste preciso momento, dou por mim a pensar, que é muito provável, que, mesmo no grupo que apresenta maior protecção, a morte possa advir por insuficiência…cardíaca ou afectiva!!!
Canela

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Memórias 2 – A Carta

Carta anexada a dois, dos muitos presentes, dos vários aniversários.

B. & Lda.
Morada
Data
Exma Sra
Dra Canela e/ou F. Q.
(já não me lembro o que era o F.Q.!!!)


Tendo recebido o seu pedido de informação, junto enviamos um catálogo ilustrado, com informações que julgamos serem suficientes para o esclarecimento de algumas das suas dúvidas teóricas. (e práticas, já agora, acrescento eu!!!)
A aplicação prática da teoria fica a cargo dos Srs. clientes. Mas, mediante quantia a combinar, posteriormente, poder-lhe-emos enviar espécimes, sendo a quantidade e qualidade dependente do “Cachet”.
Pedimos desculpas do catálogo não estar nas melhores condições, devendo-se isto, ao facto, deste ser uma das obras literárias mais consultadas.
A Sra. cliente poderá ficar com o catálogo mas, devido ao já anteriormente referido, sempre que um dos membros integrantes desta firma (B. & Lda.) necessitar de o consultar, para eventuais esclarecimentos, de algumas dúvidas “pendentes”, fica desde já, o cliente, obrigado ao seu envio o mais rápido que lhe for possível.
Caso todas estas condições não sejam, de alguma forma, cumpridas na sua totalidade, os espécimes enviados serão do tipo: Carapaum secuns.
No caso do catálogo ser enviado por V. Exa. em más condições (rasurado, com falta de folhas, especialmente as págs. 81 – 108). A multa virá acrescida do espécime A. P. (nome do professor AMOROSO da faculdade que me oferecia boleia, e, só única e exclusivamente por esta razão, me procurava, pelos corredores da faculdade. Suas mentes depravadas!!!!).
Esperando que o catálogo seja do seu inteiro agrado e de muita utilidade, subscrevemo-nos atenciosamente.

B. & Lda.

Anexo:
Aproveitamos esta quadra “Pás-qua-qua-lesca” e para comprovação da total eficácia do nosso catálogo, junto enviamos o produto de uma assídua leitora: Dra. Aderita plumata.
O produto será baptizado na presença de todos os sócios desta ilustríssima firma, mas ficou desde já acordado em acta, que seria de seu nome: Adérito plumata Jr. (filho!!!!).
Assinatura dos responsáveis
Piro, F., C., N., M., M., L., A., J.P.

Caso a memória já vos vá pregando partidas, relembro que o titulo da requisitadíssima obra literária é “Variações na Arte de Amar”.
Já agora, aproveito também para informar que a obra continua religiosamente guardada na minha mesinha de cabeceira e algumas das dúvidas iniciais também…felizmente não todas!!!!
As páginas 81 à 108 mantêm-se na mesma “posição”, as imagens talvez não (cansaço de alguns anos!!!)
O suposto Adérito Jr. revelou-se ao fim de alguns meses e após, sérias suspeitas minhas, uma Adérita linda de morrer!!!! Felizmente, demonstrou não possuir a tão fatídica deleção do cromossoma sexual Y.

Canela

sábado, dezembro 02, 2006

Feliz Aniversário Mamã

Ainda, que eu fosse versada em definir sentimentos, não conseguiria encontrar as palavras exactas para definir este amor. Todas elas me parecem mudas.
No entanto, é este amor que me apazigua.
É este amor que me torna imensamente feliz.
É este amor que me ajuda a enfrentar as batalhas, com a força de um guerreiro.
É este amor que, no final de cada batalha, me cura as feridas e me idolatra.
É este amor que me guia futuro adentro.
Recorrendo à pobreza das palavras para definir sentimentos, quero dizer-te que o meu amor por ti é profundo, eterno e incondicional.

Feliz aniversário Mamã

Canela

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Conexões

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza


Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto

sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.

Mário Cesariny in "Todos por Um"

Feliz Aniversário A.

A. tenho imensas saudades de todo o que partilhamos nas nossas intermináveis viagens diárias, das nossas conversas de almoço e café, e sobretudo, dos teus conselhos nos meus momentos de desespero e do teu apoio nos meus momentos de crise!!! Tu tens um lugar muito especial no meu coração.
Que tenhas um aniversário imensamente feliz.
Canela

quarta-feira, novembro 29, 2006

Muitos Parabéns Tufo's

Tufo’s muitos, muitos parabéns!! Sei que deves estar cheio de saudades minhas!!! Não, não sou convencida e também não é falta de modéstia, é uma mera constatação de factos!!! A tua produtividade ronda, nesta altura do campeonato e comparativamente à que tínhamos quando formávamos uma equipa, uns míseros 10%. Isto, já para não falar nos jogos de ténis que ganhávamos sempre ao dueto L e NC. Certo??!!
Só para te relembrar Tufo, com as bactérias tu fazes um esfregaço, esfreganço, eu deixo à tua consideração!!!
Tenho muitas saudades tuas!!! e olhando, assim para trás, à distância de um tempo, continuo a ser da mesma opinião – éramos uma equipa imbatível. Feliz Aniversário!!
Canela

terça-feira, novembro 28, 2006

Memórias 1 – Erros de Fonética

Esta história passou-se nos primeiros anos de faculdade e por certo, todos nós ainda a recordamos com sorrisos, risos ou gargalhadas. Aliás, continua a ser uma das histórias inevitáveis sempre que falamos do F.
F. é uma daquelas pessoas inesquecíveis, que marca de forma profunda, todos aqueles que cruzam o seu caminho.
Como era habitual, por esse tempo, à hora de almoço, tornava-se inevitável o encontro naquele café tão perversamente ligado à faculdade, que, muitas vezes, se chegava a confundir com esta, eu diria até, que por vezes, a maior aprendizagem, ocorria ali, entre cafés, jogos de cartas e tertúlias sobre vários assuntos.
Naquele dia, à semelhança de outros, o café estava cheio e como tal o atendimento era mais lento e o bulício de fundo, fazia com que, o limiar aceitável do som tivesse de ser ultrapassado.
- Oi!!... Oi!!… Por favor moço!!! (F. no seu melhor sotaque brasileiro).
- OI, MOÇO!!!
Como continuava a não ter “feedback” do empregado, F. então decide GRITAR.
- POR FAVOR MOÇO ME DÁ UMA QUECA!!!!
Como por magia fez-se um silêncio absoluto, a estupefacção foi geral, até a nossa!!! E, numa fracção de segundos, o empregado finalmente olha para F., com uma expressão, concomitantemente, de espanto e susto.
Por esta altura, já nós, sem nos apercebermos do silêncio, gritávamos, quase em uníssono.
- Um QUEQUE!!!
- É um QUEQUE!!!
- Por favor um QUEQUE !!!
- …
O empregado com ar mais aliviado responde…
- Eu bem me queria parecer, que não era bem isso, que o senhor queria!!!!
F. continuava completamente estupefacto sem se aperceber, do que estava a acontecer.
Depois, num ambiente de gargalhada geral, alguém explicou ao F. que existem determinadas palavras que não devem ser vociferadas aos sete ventos e sobretudo direccionadas a quem, declaradamente, não se mostra receptivo.

Talvez pela mesma razão, num passado mais próximo, ao ser indagado acerca do almoço que a filha lhe tinha preparado o meu pai respondeu:
- Mo… qualquer coisa, que agora já não me lembro!!!!
- Como Mo…, qualquer coisa!!! Que agora não te lembras!!... Se, ainda agora, acabas-te de almoçar??? – digo eu.
- Conhecendo-te como te conheço…!!! Julgo que será melhor não completar a palavra, pelo menos, enquanto não tiver a certeza da sua existência!!!
Espero que está dúvida não o tenha impedido de desfrutar do sabor exótico do coco misturado com óleo de Denden e camarão.
Ao F. e para que fique registado, quero agradecer profundamente todos os anos de convivência, todas as minhas festas de aniversário, que eram verdadeiras odes à amizade e sobretudo a sua alegria contagiante. A amizade, essa, da minha parte, há-de ser eterna.
Às “cozinheiras” (L., C., Piro, M e M e a A) quero agradecer a boa disposição, os excelentes almoços, sobretudos os constantes arroz de marisco, o bom senso, ao despacharem-me da cozinha, e especialmente à Piro, quero agradecer aquele arroz “soltinho”, que ainda hoje deve estar, para aí, nalgum centro de compostagem a servir de argamassa.
Às mães e às avós, quero agradecer a permanente disponibilidade telefónica, para as indicações culinárias, sobretudo, a de: “…não!!! no arroz de marisco não se coloca cenoura!!!...”, “o tomate coloca-se logo no inicio!!!...”, “…não se esqueçam de descascar as cebolas!!!...”, “…, sim podem colocar vinho branco!!!”, esta última situação, deixava sempre a Piro desolada, por ver o seu precioso néctar tão mal aproveitado.
À “tiazona” quero pedir desculpa pelo estado lastimável com que deixávamos a cozinha, e principalmente, os discos do fogão.
A todos (incluindo agora o JP e o N.) quero agradecer as velas do cemitério, com as quais, faziam questão de me cantar os parabéns, os presentes sempre tão interessantes, originais e proveitosos e um presente em especial – a minha querida e saudosa Aderita plumata, naquele ano, em que, eu cismei, porque cismei, que queria um ganso. Não foi um ganso, mas andou perto, foi uma pata linda e muito mimada que só me abandonou no término da vida.
Resta-me finalmente dizer-vos que vos ADORO e que prezo muito, muito mesmo, a vossa amizade.
Canela

Wicked Game


What a wicked game you play
To make me feel this way
What a wicked thing to do
To let me dream of you
What a wicked thing to say
You never felt this way


Chris Isaak


segunda-feira, novembro 27, 2006

Entra em morte cerebral...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
...
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco, e os pontos nos is em detrimento dum redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, um sorriso dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não troca o certo pelo incerto para ir atrás dum sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir aos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias a queixar-se da má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece, ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior, do que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estado esplêndido e de felicidade.
Pablo Neruda
...a ventilação, nestes casos tem de ser assistida.

domingo, novembro 26, 2006

Dilema

Neste momento, a minha vontade de pintar é directamente proporcional à quantidade de trabalho, o que me cria um dilema: deixar para trás algum trabalho e dedicar-me à pintura, ou esquecer a pintura e continuar amarada ao trabalho?
A segunda hipótese acaba de vencer, porque a pintura não se harmoniza com fracções de tempo e com sentimentos de culpa.
Resta-me ficar com esta aguarela musical, enquanto não volto para a tinta e os pincéis.
Canela

sábado, novembro 25, 2006

Heartbreaker

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

Rómulo de Carvalho/António Gedeão - Centenário do Nascimento

Lágrima de preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo) e cloreto de sódio.


António Gedeão

Dicotomias

Em determinadas situações apenas temos duas opções, ou adoramos ou detestamos.
Relativamente aos chocolates “Mon Chéri”, eu adoro.
Noutras situações existe, apenas, um limite muito ténue entre este binómio.


Canela

sexta-feira, novembro 24, 2006

Porto

Gosto de olhar para ti da margem Sul.
Adoro ver o casario ocre empoleirado a espreitar o rio.
De ver a torre que subiu mais alto, ao mira(Douro).
As ruas de granito e calcário que descaem dissimuladamente.
Os barcos que sem pudor se imobilizaram sobre este amor único entre a foz e o rio.
E o mar, que em dias de calmaria refresca esta paixão e em dias de tempestade a arrebata.
Adoro a paleta de cores que embeleza os dias de amor-perfeito.
Os tons de cinza taciturnos dos dias de mau fado.

E a neblina com que me afagas em tempo de tréguas.

Canela

quinta-feira, novembro 23, 2006

A Good Answer

...
Him: This isn’t an English word!!! What is the meaning of this word??
XY: I like to innovate !!!

I couldn't agree more deeply with you, we should innovate always!!!!

Cinnanom

quarta-feira, novembro 22, 2006

O que todos os Homens deviam conhecer...





E foi então que apareceu a raposa:
- Olá bom dia! - disse a raposa.
- Olá bom dia, - respondeu delicadamente o princepezinho, que se voltou, mas não viu ninguém.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o princepezinho.
És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princepezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o princepezinho.Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o princepezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm espingardas e passam o tempo a caçar. É uma grande maçada! Criam galinhas também. Aliás, na minha opinião é a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o princepezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um rapazinho inteiramente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Não passo, a teus olhos, de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o princepezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se cada coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o princepezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas as outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso às vezes aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra.
Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o princepezinho:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Eu bem gostava - disse o princepezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- Só conhecemos bem as coisas que cativamos - disse a raposa.
Os homens não têm tempo de conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não existem vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o princepezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa.
Primeiro sentas-te um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu olharei para ti pelo canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
No dia seguinte o princepezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... São precisos rituais.
- Que é um ritual? perguntou o princepezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um ritual. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o princepezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o princepezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o princepezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não ganhas-te nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te darei um presente de despedida: conto-te um segredo.
O princepezinho foi rever as rosas:
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vós não sois ainda nada. Ninguém vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela agora é única no mundo. E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que coloquei sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (excepto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu vi queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a tornou tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer. Ficas responsável para sempre por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
Antoine De Saint- Exupery in "O Princepezinho"

terça-feira, novembro 21, 2006

Aos olhares inevitáveis...

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Vinicius de Moraes

Será que vale a pena...

A resposta pode vir em forma de poema...
...
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu.
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Mal sabe o poeta, a importância que tem tido a poesia, em momentos cruciais da vida.
Talvez este seja mais um...

Canela

sexta-feira, novembro 17, 2006

Deixa-me dizer-te...

Deixas-me…enroscar no teu regaço e sentir a protecção do teu abraço?
Deixas-me sentir o bater do teu coração para compassar o meu?
Deixas-me entrar na profunda ternura do teu olhar e proteges-me os sonhos?

Deixa-me dizer-te que te adoro Mãe.

Dedicado à minha Mãe e a minha Mãe Laura.
Canela

quinta-feira, novembro 16, 2006

Constelação Negativa...

Hoje alguém me disse que, parecia que todo o universo tinha conspirado para formar uma constelação negativa.
Não sei se o universo conspira ou não, o que sei é que, mesmo debaixo de constelações negativas, existe alguém que brilha mais longe, que pode iluminar caminhos.
O que quero dizer é que, mesmo após ter sido arrastado para um pântano sórdido, cobarde e pestilento, mesmo após lhe tentarem sugar a própria alma, por processos pouco ortodoxos, mesmo após o restringirem a um quarto sufocante, mesmo após o aniquilamento psíquico, alguém se ergueu com os olhos fixos no futuro, por saber que, esse é o seu único caminho, levantou o nariz, respirou fundo, sacudiu a lama que o cobria e com luz própria segui rumo a outra constelação.
Num futuro próximo talvez existam só constelações positivas.

Eu fico a guardar o céu.

Cinnanom

sexta-feira, novembro 10, 2006

Uma Paixão pode ser...

Quente, como lava a escorrer para o mar
Fria, quando depressa submerge e se mantêm a flutuar
Ar, quando consegue voar, ganha asas...
Sujeita a mutação.
Canela

quarta-feira, novembro 08, 2006

Hoje sinto-me assim...

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta: Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide!
Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio in Cântico Negro