terça-feira, dezembro 12, 2006

O Arranca Corações*


-Então – disse ele. – tudo isso é medo?
Arrependeu-se logo dessa grosseria, mas não tardou a achar uma desculpa para as suas palavras, ao pensar que isso não poderia chocar uma pessoa que já de si era grosseira.
-Senta-te… - propôs-lhe ele. – Acolá… em cima da cama.
-Não me atrevo… - disse ela.
-Ora vamos lá – disse Jaimemorto. – Não sejas tímida comigo. Estende-te aí e põe-te à vontade.
-Tenho que me despir? – perguntou ela.
-Faz como entenderes – disse Jaimemorto. – Se te apetece, despe-te, se não, não te dispas. Põe-te à vontade… É tudo quanto te peço.


*Boris Vian in “L’arrache-coeur”
Canela

2 comentários:

Rosinha disse...

Não sabia que gostavas de Boris Vian... Bem, também há muita coisa que não sei de ti, mas também sei muita coisa importante, como: és uma boa amiga e que sabe ouvir.
Parece que agora consigo escrever alguns comentários. Mas por hoje estou a ler tudo um pouco na diagonal.

Anónimo disse...

Sempre adorei Boris Vian. Um homem que infelizmente viveu depressa, mas felizmente o suficientemente para deixar uma bastíssima obra em vários campos. Em Portugal, não é fácil encontrar os livros dele.
Eu tenho dois o "Arranca Corações" que me foi oferecido por um amigo e "Erva Vermelha".
Obrigada pelo "boa amiga", comigo podes contar indefinidamente, porque te considero uma pessoa excepcional.
Bjs