sábado, novembro 25, 2006

Rómulo de Carvalho/António Gedeão - Centenário do Nascimento

Lágrima de preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo) e cloreto de sódio.


António Gedeão

4 comentários:

Anónimo disse...

Como se pode, com tão pouco, dizer tanto!...
Piro

Anónimo disse...

Tinha de ser este, têm todo a ver comigo!!!
Que saudades tenho do material do lab.

Anónimo disse...

Eu tambem tenho saudades...Outros tempos, outras vidas!

Anónimo disse...

Outras vidas...vividas de forma tão intensa e partilhada!!!
Quando olho para trás só tenho boas recordações. Que BOM!!!!