sexta-feira, junho 29, 2007

Feliz Aniversário Licas

Ontem dei por mim a divagar sobre casualidades e dentro deste tema, se o acaso existe, eu sou uma privilegiada. O meu acaso é doce, cheio de ternura e de pessoas lindas. Foi aqui que cheguei, e, mais uma vez, não foi por acaso. Não foi por acaso que te conheci.
Não é por acaso que, nos meus jogos de associações, sempre que penso em alguém doce, ternurenta e linda é a tua imagem que aparece. A menina, a quem se destina este “post” é das pessoas mais bonitas que conheço. Tem uns olhos verdes que nos abraçam, um sorriso que é uma fonte de paz, e dentro desta harmonia deixa sempre escapar algumas palavras em forma de torrões de açúcar, outras em forma de algodão doce, mas a maioria escorre como o mel.
Hoje é o dia do aniversário da menina-olhos-doce-esmeralda e, mais uma vez, percorri a memória, na tentativa de encontrar as palavras exactas, as palavras que definam cirurgicamente os sentimentos, mas não as encontro. A uma mulher de ciências foram renegados determinados apanágios. Deram-nos a capacidade de síntese, ensinaram-nos os termos técnicos, encheram-nos o coração de emoções e sentimentos, mas depois retiram-nos as palavras mais importantes. Triste sina a nossa! Mas, ainda assim, recorrendo ao meu deficiente vocabulário quero dizer-te:
Que tenhas um aniversário imensamente doce e feliz como só tu mereces!


Canela

quinta-feira, junho 28, 2007

Sol e Lua

É tão fácil dizer-te ó Sol que te agradeço
Tão raro confessar-te ó Lua que te esqueço


David Mourão-Ferreira


Canela

Pelos olhos de um Poema

Às vezes oiço-te sob o chão do palco
sussurrando palavras que só a mim destinas.
Gostava de saber porque entro em cena
ostentando palavras de uma voz
que ninguém ouve
com a mão deslumbrante que as cria no poema.

E depois os dedos tocando o papel
um vai-vém, ora aqui, ora flecha perseguindo o alvo,
um alvo rato que se escapa pelos cantos.
Oh, o grito cego da mão por essas horas
cheias de medo de perder a tua voz invisível
e o chão secreto de onde dás alento,
oh, o medo que a mão tem de se perder das palavras,
de não achá-las nunca.

E as outras
as magníficas palavras que entram em cena pela mão de alguém?
Fico sentada a vê-las da cadeira
a amá-las como se minhas fossem
enquanto dura o acto até ao intervalo
em que as unhas furam o pano da cadeira,
esgravatam na mesa,
unhas de gato correndo atrás da bola de papel.


De repente as palavras descem pela mão até aos dedos
onde a tinta jorra pela mesa
e o corpo se inclina como se fosse ajoelhar.



Rosa Alice Branco in “Joelho de Papel”
Imagem de Nuno de Sousa ("Autoretrato num olhar"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

quarta-feira, junho 27, 2007

Feliz Aniversário Primoca

Há laços que parecem que sempre existiram, caminham entre vidas. Há nós fortes, nós apertados, nós impossíveis de desatar.
Tu e eu somos assim, um nó anular, sem princípio nem fim, iguais em todos os aspectos.
Não existe tempo, nem espaço, nem condição física que nos separe, deve ser por isso que sonho que estou grávida da C. Já temos um nozinho que começa a dar os primeiros passos em direcção a um nó maior.
Eu-parte-do-nó sou deficiente em palavras que transmitam emoções e sentimentos únicos, mas tu-parte-do-nó és dotada de uma inexplicável capacidade de me adivinhar as emoções. Como vês não és só gestora de recursos humanos alheios!
Mesmo gerindo muito mal a conjugação de palavras, quero dizer-te, o que já sabes, que te amo imensamente.
Que tenhas um aniversário conjugadamente feliz, como só tu mereces.


Canela

terça-feira, junho 26, 2007

«Auto-de-Fé»

Porque o amor é a arte que fica além do poema,
No dia em que não escrever mais poemas
Sei que o amor resgatará o meu corpo da chama.

Paulo Teixeira in “Auto-de-fé”

Canela

segunda-feira, junho 25, 2007

Do que não se sabe

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem to disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque o não sabia.
Mas quem roçou da testa o teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi só o que sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
Ao teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca.
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca
A que as deusas esperam da ledice
com que o Olimpo se apouca.


Fernando Pessoa in "Intervalo"
Imagem de Kunstfotografie "Secouer la cerise"


Canela

sexta-feira, junho 22, 2007

Incómoda

Não vou falar do quanto me causa náuseas, os que se curvam, perante as injustiças. Não vou falar dos "Anacordados" deste país. Não gosto do vocábulo. Não gosto da definição. Não gosto de termos técnicos e, infelizmente, gosto muito do país. Não vou emitir opinião, acerca dos nichos holocaústicos, pidescos, persecutórios que vão isolando os indivíduos a abater.
Mas vou perguntar se já viram o filme “O pianista”? Vou perguntar, que sentimento de MEDO tolhe aquelas pessoas que se encaminham pacificamente para a morte? Vou perguntar, quantos mais são precisos para reverter estas situações? Vou perguntar, se é difícil perceber que a união faz a força, e que a divisão aumenta o poder da prepotência?
Ainda não percebi se está na hora de partir. Se está na altura de procura locais onde a rarefacção do oxigénio seja mais suportável. Quem sabe L. me junto a ti em Nova Iorque, como tu serei apenas mais uma.
Mas não se assustem, não perdi a vontade de lutar e mesmo quando digo: chega, estou cansada! Vem a noite, e o sono tudo apazigua! Depois vêm os sonhos, aos quais damos a oportunidade de fugirem e o de ontem não ajudou! Aumentou-me o diâmetro abdominal! E, passei a ter outra preocupação: Como é que é possível, eu estar neste estado? Como é que eu vou justificar esta situação? Pobre sonho, tentou dar-me cinco meses de descanso, mas trouxe-me preocupações acrescidas. Assim não vale. Resta-me acrescentar, que mesmo depois de umas escassas horas de sono, renasci como uma enorme vontade de recomeçar, de usar as minhas armas, de me tornar incómoda.
A barriga?! Deixou de ser mais uma preocupação, afinal ela sempre existiu!


Canela

Porque…

Porque terminei agora o trabalho.
Porque vou deixar “umas pontas” para daqui a umas horas.
Porque estou exausta.
Porque daqui por umas horas já estarei a trabalhar novamente.
E, porque me lembrei de todos os que me têm dado muito colo e mimo desde ontem, estava a precisar!
Vim só espreitar e deixar um recado:

ternura
é a moeda corrente.

Francisco Duarte Mangas in “Paraíso branco pintado de fresco”

Canela

terça-feira, junho 19, 2007

Se não for pedir muito…!

São Pedro são, agora, necessários uns diazitos de sol! Amanhã chega a comitiva sueca que abandonou a Midsommardagen (celebração do solstício de Verão por terras Vikings) para festejar o São João no Porto. O receio de que o Inverno se tenha instalado, definitivamente, por aqui, fá-los telefonar duas vezes ao dia, para me informarem que na Suécia se encontram na praia. Não ligo, porque praia, neste caso, é mesmo um eufemismo! Melhor seria dizerem que se encontram à beira de um precipício rochoso que termina abruptamente no mar! Mas, depois de ouvir a voz doce do meu afilhado a dizer:
- Só faltam quatro dias! Com um enorme entusiasmo e num derradeiro esforço para falar português, depois de termos acordado que ele me ensinaria a falar sueco e eu o ensinaria a falar português! Não resisto!
Definitivamente precisamos de sol. Nos dias em que formos visitar as caves, para além do sol é necessária uma brisazinha! Se não for pedir muito…!


Canela

Glicodoce

Amanhece
e no espreguiçar dos olhos
absorvo a tontura do novo dia


ao sair do quarto
atravesso o branco sujo da manhã
e vou tomar café com muito açúcar


levo um pastel de Tentúgal para a varanda
e mastigo-o ouvindo as harpas da cidade


e quando tu chegas de roupão
bebendo o teu cacau
explico-te o horizonte com barcos



Daniel Maia-Pinto Rodrigues de «O Valete do Sétimo Naipe»
Fotografia de Pedro Moreira ("Arrábida em manhã de nevoeiro"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

Men’s World

Durante uma das discussões no Parlamento Inglês uma deputada da oposição interrompeu Churchill (que não gostava de ser interrompido) e disse-lhe:
- Sr. Ministro, se V. Exa. fosse o meu marido, colocaria veneno no seu café!
Churchill, com muita calma, tirou os óculos e após alguns minutos de silêncio exclamou:
- Se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse café!

Autor não identificado, mensagem enviada por correio electrónico


Num mundo, que ainda, num passado recente era maioritariamente de homens, podemos ter de ouvir:
- É bonita (ou tem uma carinha laroca!), é inteligente, mas vai ter de aprender a ser submissa.
É, precisamente, nestas alturas que temos vontade de pedir:
- Um café, por favor! E, já agora, com dose dupla de um qualquer veneno letal!
- Tem preferência pelo veneno?!
- Um qualquer! De preferência vendido em frasco muito pequeno!


Canela

segunda-feira, junho 18, 2007

I will be there…

… just for watching you!



Canela

“Panta rhei”

Em rebelião como o meu cabelo.
Em rumo do nada, nem de coisa alguma.
Perdida entre o vazio do espaço e a exigência
dos que procuram conforto nas frases que decorei!

No espaço intertidal
as ondas fazem-se esperar
e o ar não alimenta.

Fluo em busca de mais,
muito mais!
Mais!
Muito.

Canela

sexta-feira, junho 15, 2007

Em Oração

Livrai-me, Senhor.
De tudo o que for
Vazio de amor.

Que nunca me espere
Quem bem me não quer
(Homem ou mulher).

Livrai-me também
De quem me detém
E graça não tem.

E mais de quem não
Possui nem um grão
De imaginação.


Carlos Queiroz in “Libera Me”
Imagem de Luís Azevedo ("The puppet show"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

quinta-feira, junho 14, 2007

Milagre de Santo António

Hoje, de madrugada, vindos das festas da capital, batem-me ao ferrolho em ambiente de quem quer continuar em festa, e com um carregamento de queijos de Nisa! Felicíssima ideia! A dos queijos, claro!


Canela

Preciso que me lembres...

A força não provém da capacidade física, mas da vontade férrea.

Mohandas Karamchand Gandhi

Canela

"Douta Ignorância"

Strange to know nothing, never to be sure
Of what is true or right or real,
But forced to qualify or so I feel,
Or Well, it does seem so:
Someone must know.


Strange to be ignorant of the way things work:
Their skill at finding what they need,
Their sense of shape, and punctual spread of seed,
And willingness to change;
Yes, it is strange,


Even to wear such knowledge - for our flesh
Surrounds us with its own decisions -
And yet spend all our life on imprecisions,
That when we start to die
Have no idea why.


Philip Larkin in “Ignorance”


Canela

quarta-feira, junho 13, 2007

If...

Se tem três cores é GATA!

Imagem de autor desconhecido
Canela

No desfazer de sonhos…

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol não me constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um porto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota…
Crepite em derredor, o mar de Agosto…
E o outro cheiro, o teu, à minha volta


Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito…


Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso




David Mourão Ferreira in "Paraíso"
Imagem de António Ramos ("Sonho sobre azul..."), reirada do sítio "1000 imagens"


Canela

terça-feira, junho 12, 2007

Alzheimer

No regresso esqueci-me do protector solar em local visível e como hoje, as radiações U.V. ameaçavam causar danos, aproveitei o argumento para libertar os odores e todas as imagens associadas. A cada brisa encontrava o mar esmeralda, a areia branca, o sol provocante, a roupa molhada e o apfelstrudel (absolutamente divino!) com gelado de baunilha. Continuo a achar a combinação perfeita! Faltou-me a água de coco gelada!


Canela

E por falar em…

Alzheimer, lembrei-me do lema de vida deles: Antes Alzheimer do que Parkinson! E a justificação, segundo eles, é simples: é preferível esquecer-me de pagar a cerveja, do que, não a conseguir beber!


Canela

Em análise

Temos em comum o gosto pelas grandes caminhadas, por vezes caminhamos durante horas a fio, lado a lado (sempre), sem dizermos uma única palavra, recorrendo apenas ao ritmo sincronizado da nossa marcha para nos sentirmos seguros. Este tempo de evasão tem sobre nós um efeito terapêutico, lava-nos a alma, reconforta-nos os músculos e liberta-nos do corpo.
De tempos a tempos reaparecemos, olhamo-nos de soslaio e com apenas um sorriso dizemos – presente!
Mas, da última vez foi diferente, eu destilava veneno e correndo sérios riscos de comprometer a minha função hepática dei início a um longo monologo. Não sei se me ouves – perguntei assim mesmo, mas como sempre, vi-te a vaguear entre os dois mundos. Não faz mal – pensei, ouvir as palavras ajuda-me a atribuir-lhes uma ordem, obrigo-as a entrarem num sistema organizacional de criação de ideias! De vez em quando, lá sai uma que me distrai, que me faz rir! Outras vezes, encontro outra com um léxico diferente, como se carregasse um código linguístico novo! Quero avisar-te que acabei de encontrar um neologismo, mas tu já entendes-te, reconheço-o no teu riso malandro. Será que me ouve? – penso de novo. É aqui que decido trancar o texto, termina-lo abruptamente sem deixar que a última ideia entre para o finalizar. E, quando dou por mim a pensar – ok! Não me ouve! Tu paras, e com um incomparável poder de síntese, resumes o meu monologo de duas horas em:
- Tem uma vastíssima experiência em divórcios, sem nunca ter passado por um único casamento!
Eu olho para o contador de tempo e sinto que esgotei todas as palavras.


Canela

segunda-feira, junho 11, 2007

Um outro segredo

O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas em encontrar um motivo de viver.

Dostoiévski

Canela

Deixa-me contar-te um segredo…

Tú querías que yo te dijera
el secreto de la primavera.

Y yo soy para el secreto
lo mismo que es el abeto.


Árbol cuyos mil deditos
señalan mil caminitos.

Nunca te diré, amor mío,
por qué corre lento el río.

Pero pondré en mi voz estancada
el cielo ceniza de tu mirada.

¡Dame vueltas, morenita!
Ten cuidado con mis hojitas.

Dame más vueltas alrededor,
jugando a la noria del amor.

¡Ay! No puedo decirte, aunque quisiera,
el secreto de la primavera.




Federico García Lorca in “Idílio”
Fotografia de António Ramos ("Navegar"), retirada do sítio "1000 imagens"

Canela

domingo, junho 10, 2007

Para quem me telefonou…

…hoje a perguntar: mas então, porquê que ainda não escreves-te um “post”?!
Que tipo de infidelidade é essa entre ti e o teu “blog”?!
Ou, já não sei de ti desde quarta-feira! Vê lá se, ainda, escreves hoje!



Aqui fica a justificação: estou de regresso e cansada, como a fotografia em epígrafe pode, perfeitamente, comprovar!
Por isso vou descansar um pouco, porque à noite, ainda quero ir ao cinema…

Fotografia de autor desconhecido
Canela

Ver este filme!

kisses! lots of them!

Canela

quarta-feira, junho 06, 2007

Loucura vs. Amor

Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.

Friedrich Wilhelm Nietzsche

Canela

terça-feira, junho 05, 2007

Feliz Aniversário P.

Associado a ti, ontem como hoje: “Aos Amigos” de Herberto Hélder:

_Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


Talentos que foram colocados a render, lugares que se constroem de forma inteligente, pautados por grandes silêncios e movidos por fortes sentimentos, nos quais nunca deixas-te de acreditar.
Os frutos mais doces são os que se colhem quando estão maduros.
No final, tudo será assim, frutos maduros mergulhados em amor e o merecido descanso de um guerreiro.
Que tenhas um aniversário merecidamente feliz e que essa felicidade se prolongue indefinidamente.


Canela

Elas

Quand elles nous aiment, ce n’est pas vraiment nous qu’elles aiment. Mais c’est bien nous, un beau matin, qu’elles n’aiment plus.

Paul Géraldy

Canela

Análise Combinatória

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Drummond de Andrade in "Quadrilha"

Canela

segunda-feira, junho 04, 2007

A propósito…

… deste “post” lembrei-me de uma estória ocorrida nos Jogos Olímpicos, julgo que na década de 60, mas muito sinceramente, quanto à data não estou completamente certa.
Pode parecer que os Jogos Olímpicos nada têm a haver com genética, mas na verdade, só tem a haver, senão vejamos!
Como é do conhecimento geral, os homens possuem uma maior quantidade de massa muscular relativamente às mulheres, e todo isto porque possuem dois cromossomas sexuais diferentes – XY. Então porque é que as mulheres, que têm dois cromossomas sexuais iguais (XX), têm menos quantidade de massa muscular?
A explicação é simples (sem entrar em detalhes técnicos!) se olharmos para a letra Y deduz-se, facilmente, que este cromossoma pode ter tido origem num cromossoma X através da perda de “uma perna”, ou seja, sofreu uma deleção. Assim sendo, isto significa que em termos de cromatina sexual as mulheres possuem mais informação genética do que os homens. Mas a pergunta mantêm-se: como é que eles têm maior quantidade de massa muscular?
Porque eles, pura e simplesmente, têm toda a informação genética contida nos seus cromossomas sexuais (XY) a ser lida, enquanto que, as mulheres têm um dos seus cromossomas X “empacotado”. Como todos sabemos, quando queremos retirar informação de um livro temos de o abrir, fechado não conseguimos aceder à informação. O que significa que este cromossoma, quando não está em divisão, não está a expressar a sua informação genética o que indica que, só um dos cromossomas X está a ser lido.
Voltemos aos Jogos Olímpicos, da presumível década de 60, onde alguns atletas masculinos, incapazes de vencer nas provas das suas modalidades, se integravam nas equipas femininas mimetizando as mulheres. O que nem era muito difícil se tivermos em conta o aspecto masculinizado da maioria das atletas. Claro, alguns venciam! Mas outros devem ter tido mais dificuldade em manter este disfarce camaleónico e levantaram suspeitas, o que levou o Comitte a procurar soluções para esclarecer a situação. Uma das soluções encontradas foi fazer uma simples raspagem do epitélio da língua para tentar descobrir se nestas células se observavam os chamados corpúsculos de Barr (o tal cromossoma X “empacotado”), que correspondem a uma marginalização da cromatina (em forma de meia-lua), contida no núcleo da célula. Portanto, células femininas com corpúsculos de Barr, células masculinas sem corpúsculos de Barr. O problema foi assim facilmente resolvido!
Mas não o nosso! Continuamos sem saber porque é que as mulheres têm um cromossoma sexual “empacotado”!
Na verdade pensa-se que aquele “bocadinho” a mais de cromatina (a tal “perna” que falta no Y), contém informação suficiente para dar origem a uma nova espécie. Ou seja, a reprodução entre homens e mulheres poderia deixar de ocorrer. Em termos genéticos parece que somos todos do planeta Terra, e perfeitos!
A conclusão a que provavelmente chegaram é que, muito pouca informação contém o pobre do Y! É verdade! Mas, será que é só na quantidade de massa muscular que detectamos a sua expressão?! Para as mulheres a resposta é simples. Para os homens: vou deixar que descobram!


Canela

Em tons de cinza

há também quem diga
que a forma monocromática
de governo
não é a mais aconselhável
para um paraíso


Francisco Duarte Mangas in "paraíso branco pintado de fresco"

Canela

domingo, junho 03, 2007

Wild Blue


O que une a fidelidade à paixão é uma luz invisível
no centro de um rosto, filigranas, telas de uma memória
difícil. O que une a fidelidade à fidelidade da
paixão é o limite em que se adormece. Mas não

se desperta dessa luz. Se me prendes, eu fujo no
mar, corro nas falésias, nos perigos da morte e do
entardecer. Se eu te prendo, morro repentinamente
sem dizer toda a verdade sobre o que o mar oculta.


Francisco José Viegas in "A fidelidade"
Fotografia de Francisco Vaz Menezes ("Splash"), retirada do sítio "1000 imagens"


Canela

sexta-feira, junho 01, 2007

Dia Mundial da Criança

A pensar em todas as crianças
como nos outros dias.
Aqui fica a poesia
e o eterno conselho do dia.

Não saibas: imagina…
Deixa falar o mestre, e devaneia…
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.

Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões…
Um á-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições…

Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorria!
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia…



Miguel Torga in “Instrução Primária”
Fotografia de Irinha Kuikuro, retirada do sítio "Olhares"



Para todas as crianças e a todos os que, ainda, alimentam essa competência, mas muito especialmente, para os meus sobrinhos e sobrinhas, para os meus dois afilhados lindos e para a minha afilhada-prima que tem nascimento previsto para o final de Agosto.
Aqui, em casa, para alimentar a fantasia mantém-se o chocolate quente, os bolos, bolinhos e bolachas, a borboleta arco-íris, a lagarta intrometida e o caracol-do-contra!



Canela

Música vs. Poesia

My poems are some kinds of songs, and my songs are some other kinds of poems

Bob Dylan


Canela