terça-feira, abril 10, 2007

Sometimes Earth

Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...

Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...

Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.


Alberto Caeiro in "Acho tão Natural que não se Pense"


Nunca este poema fez tanto sentido, como nos dias que correm. Lembro-me de há uns anos atrás, durante uma discussão, alguém me ter dito:
- Sabe qual é o seu mal, menina? É que pensa demais!!!
Na altura fiquei com a plena certeza que, esta frase, era o remate perfeito, para quem não tem conhecimentos suficientes e argumentos "de peso" para se manter na discussão.
Hoje, dou por mim a pensar que, a tal pessoa, podia ter toda a razão e até já digo muitas vezes (para não ter que me aborrecer):
- Sabes uma coisa?! Não quero saber!!!
Deixem-me viver.
Deixem-me acreditar.
Deixem-me ter o fogo, o ar, a terra e a água.
Deixem-me ser feliz...
Porque nada pensa nada...


Fotografia de José Paulo Andrade ("A estrada Dourada"), retirada do sítio "1000 imagens"

Canela

4 comentários:

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente!
As férias foram óptimas,Lisboa sempre Lisboa e a cura das saudades e depois vem as brumas...mas, como disse alguém, é a vida e não vale a pena pensar!
Piro-filosofia da p...

Anónimo disse...

E cá estamos nós restabelecidas depois destas mini-férias!!
Se é para pensar, pelo menos que valha a pena, porque tudo vale a pena se...

A if kiss

Anónimo disse...

"Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu."

Eu também gostava de deixar de pensar...
De facto muitas vezes os pensamentos são uma armadilha: entristecem-nos e deixam-nos às escuras. Eu não quero mais ser prisioneira dos meus pensamentos...
Antes quero poder maravilhar-me com a beleza do céu e da terra, do sol e das estrelas, das plantas e dos animais.

Por isso peco-vos, a ti minha querida amiga e aos meus queridos A. e F., ajudem-me a pensar menos e a sonhar mais.

A(breu)

Anónimo disse...

Se há algo que tu sabes fazer melhor do que ninguém é sonhar e criar sonhos.
Lembras-te dos nossos fins-de-semana em Trás-os-Montes com aquela comitiva de estrangeiros?
Lembras-te de quem organizava os sonhos para serem sonhados? Eram sonhos tão lindos! Que saudades!
Agora que começou a nevar, existem mais sonhos, os brancos com a intensa luz do fogo.
Quantos sonhos guardas?! Eu conto-te muitos. Só tens de “abrires as portas e as janelas”. Os sonhos são assim… fastidiosos, precisam de oxigénio, luz e amor, muito amor.
Juntas, ainda, viveremos muitos sonhos e quando olharmos para trás havemos de rir muito das tolices, das loucuras, e entre chávenas de chá quente em Invernos frios, recordar os sonhos.
Adoro-te Linda.