Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la.
Carlos Drummond de Andrade
Canela
No mundo exótico dos chás, estes são dois dos meus preferidos, mais o de canela e o de amêndoa...confesso!
segunda-feira, abril 30, 2007
Whisper
Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
Cecília Meireles in “Murmúrio”
Fotografia de autor desconhecido - "Barco Abandonado"
Canela
domingo, abril 29, 2007
sexta-feira, abril 27, 2007
Criação vs Obras-Primas
As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade.
Carlos Drummond de Andrade
Canela
As perguntas que me fazem!
Por estes dias, meio em jeito de provocação, alguém me perguntou se conhecia um (único!) casal perfeito.
- Claro que sim! – respondi sem qualquer hesitação.
E a prova clara e inequívoca é a imagem que se segue.
- Claro que sim! – respondi sem qualquer hesitação.
E a prova clara e inequívoca é a imagem que se segue.
Parasita pertencente ao género Schistosoma
Nesta parasitose, como podem verificar, a fêmea é mais comprida e fina, e vive, permanentemente, dentro do canal ginecóforo do macho. Ora então! Os meninos e as meninas são suficientemente grandinhos para perceberem o resto, verdade?! Não preciso de dar mais explicações técnicas, pois não?! Aliás, na minha terra costuma dizer-se que, para bom entendedor meia palavra basta!
Pois fiquem a saber que, na parasitologia existem casais, absolutamente, perfeitos!
Admirados?!
Quanto ao resto!... Bom! Quanto aos restantes!... Digamos que deve haver toda uma gama que vai dos mais-que-perfeitos aos absolutamente-imperfeitos!
Mais informações sobre esta parasitose podem ser consultadas no CDC (Centers for Disease Control and Prevention), mais concretamente na divisão de parasitologia (Schistosomose)
Canela
quinta-feira, abril 26, 2007
Paixões
Andar descalça. Caminhar, ao fim do dia, descalça sobre a areia da praia, sabe-me a doce-vida e depois continuar a caminhar descalça em casa, sabe-me a vida-doce.
Canela
Alma Lusa
... e “manta de retalhos” em termos de vivências culturais – uma dívida para com o espírito aventureiro dos meus pais. Obrigada!
Fotografia de autor desconhecido - "Rua Deserta"
Há uma música do povo,
Nem sei dizer se é um fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…
E ouço-a embalado e sozinho…
É isso mesmo que eu quis…
Perdi a fé e o caminho…
Quem não fui é que é feliz.
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…
Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!
Nem sei dizer se é um fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…
E ouço-a embalado e sozinho…
É isso mesmo que eu quis…
Perdi a fé e o caminho…
Quem não fui é que é feliz.
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…
Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!
Fernando Pessoa in “Há uma música do povo”
Canela
quarta-feira, abril 25, 2007
25 de Abril
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz
(…)
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz
(…)
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre in “Trova do vento que passa”
Fotografia retirada do Google
Canela
terça-feira, abril 24, 2007
Quanto vale um Reino?
Hoje, praticamente, de madrugada o único pensamento que me perscrutava o espírito era: o meu reino por mais uma hora de sono, please! Contudo, a inevitabilidade circunstancial, rapidamente, atribuiu um valor absoluto ao meu reino. Eu, ainda, tentei argumentar. Mas, não houve discussão possível!
Já na rua, pareceu-me ver alguém a correr e de imediato outro pensamento me esquadrinhou o espírito: se me deixassem, eu também corria… prá cama!
Já na rua, pareceu-me ver alguém a correr e de imediato outro pensamento me esquadrinhou o espírito: se me deixassem, eu também corria… prá cama!
Fotografia de Pedro Ramos ("Vem comigo..."), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
segunda-feira, abril 23, 2007
Com idêntico significado
Esses que pensam que existem sinónimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuances de uma cor.
Mário Quintana in "Sinónimo"
Canela
Do Delírio
Das Palavras e dos Livros
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
Alexandre O’ Neill in “Sentenças delirantes dum poeta para si próprio em tempo de cabeças pensantes”
Fotografia de © Chema Madoz
Canela
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
Alexandre O’ Neill in “Sentenças delirantes dum poeta para si próprio em tempo de cabeças pensantes”
Fotografia de © Chema Madoz
Canela
Do Livro dos Livros
No dia mundial do livro...
Da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
se me faltasse o Amor,
seria como um bronze que ressoa ou címbalo que retine.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tivesse a plenitude da Fé
a ponto de transportar montanhas,
se me faltasse o Amor,
eu nada seria.
Ainda que eu distribuisse todos os meus bens pelos pobres
e entregasse o meu corpo às chamas,
se me faltasse o Amor,
de nada me aproveitaria.
O Amor é paciente,
o Amor é serviçal,
não tem inveja;
o Amor não é orgulhoso nem arrogante;
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita
nem guarda rancor;
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
O Amor tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O Amor não acabará jamais.
Bíblia, Novo Testamento
Canela
Da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
se me faltasse o Amor,
seria como um bronze que ressoa ou címbalo que retine.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tivesse a plenitude da Fé
a ponto de transportar montanhas,
se me faltasse o Amor,
eu nada seria.
Ainda que eu distribuisse todos os meus bens pelos pobres
e entregasse o meu corpo às chamas,
se me faltasse o Amor,
de nada me aproveitaria.
O Amor é paciente,
o Amor é serviçal,
não tem inveja;
o Amor não é orgulhoso nem arrogante;
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita
nem guarda rancor;
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
O Amor tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O Amor não acabará jamais.
Bíblia, Novo Testamento
Canela
domingo, abril 22, 2007
sexta-feira, abril 20, 2007
E hoje o meu pai…
… a recordar flashes da minha infância, principalmente, a fase em que aprendi a andar de bicicleta, dizia:
- Andavas sempre toda esmurrada!
- Pois era! – respondi – ainda me lembro, quando fiquei com um joelho enterrado nos vidros que, estupidamente, algumas pessoas colocavam na parte superior dos muros.
- Mas até obstáculos como muros tu tentavas ultrapassar com a bicicleta! Nada te detinha!
Ainda, nada me detém.
- Andavas sempre toda esmurrada!
- Pois era! – respondi – ainda me lembro, quando fiquei com um joelho enterrado nos vidros que, estupidamente, algumas pessoas colocavam na parte superior dos muros.
- Mas até obstáculos como muros tu tentavas ultrapassar com a bicicleta! Nada te detinha!
Ainda, nada me detém.
Canela
quinta-feira, abril 19, 2007
Creation vs Poetry
As the poems go into the thousands you
realize that you've created very
little.
Charles Bukowski in "As The Poems Go"
Canela
realize that you've created very
little.
Charles Bukowski in "As The Poems Go"
Canela
A tentar,...
... que assim seja.
Kahlil Gibran in "The Thinker", imagem retirada daqui
(...)
«O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não dá a sua sabedoria mas antes a sua fé e amor.
Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.»
Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.»
Khalil Gibran in “O Profeta”
Canela
quarta-feira, abril 18, 2007
Chocólatra Selectiva
Adoro chocolate, mas, sou selectivamente chocólatra, ou seja, não gosto de todo o tipo de chocolate. Detesto, o chamado, chocolate branco. Detesto chocolate com avelãs. Não gosto, particularmente, de “praliné”. Resumindo, gosto muito pouco de misturas, mas adoro, determinadas, combinações. E, sem dúvida uma das combinações que adoro, pelas múltiplas sensações que provoca nas minhas papilas gustativas, é a de chocolate negro recheado com um estimulante licor e uma deliciosa cereja. A combinação que se adora ou se detesta, sem nenhum outro tipo de cambiante pelo meio.
Assim sendo, a propósito de um livro que me ofereceram sobre chocolate, saboreiem:
«Aromas e Perfumes»
«Mas a maior emoção táctil sente-se acariciando lentamente com os lábios um fragmento de chocolate de modo a sentir-lhe e avaliar-lhe a consistência, a temperatura e a macieza, mas também começar a sentir-se envolvido pelos quatrocentos aromas que o cacau contém.»
«A Degustação»
«Chegados a este ponto, depois de ter acordado e excitado todos os sentidos, o chocolate pode ser finalmente introduzido na boca. O chocolate deve ser partido delicadamente com os dentes de modo a pressentir mais uma vez o agradável crocante e, em seguida, deve deixar-se desfazer docemente entre a língua e o palato de modo que possa atingir rapidamente a temperatura do corpo e ficar primeiro macio, depois cremoso e por fim líquido, seduzindo assim cada recesso do céu da boca. Quando o chocolate atinge o estado líquido é importante, ajudando com a língua, distribuí-lo por todo o palato de modo a envolver e impregnar cuidadosamente as papilas gustativas…»
Mario Busso in “O Chocolate”
Resta-me acrescentar que saborear chocolate, nunca mais será o mesmo!
Assim sendo, a propósito de um livro que me ofereceram sobre chocolate, saboreiem:
«Aromas e Perfumes»
«Mas a maior emoção táctil sente-se acariciando lentamente com os lábios um fragmento de chocolate de modo a sentir-lhe e avaliar-lhe a consistência, a temperatura e a macieza, mas também começar a sentir-se envolvido pelos quatrocentos aromas que o cacau contém.»
«A Degustação»
«Chegados a este ponto, depois de ter acordado e excitado todos os sentidos, o chocolate pode ser finalmente introduzido na boca. O chocolate deve ser partido delicadamente com os dentes de modo a pressentir mais uma vez o agradável crocante e, em seguida, deve deixar-se desfazer docemente entre a língua e o palato de modo que possa atingir rapidamente a temperatura do corpo e ficar primeiro macio, depois cremoso e por fim líquido, seduzindo assim cada recesso do céu da boca. Quando o chocolate atinge o estado líquido é importante, ajudando com a língua, distribuí-lo por todo o palato de modo a envolver e impregnar cuidadosamente as papilas gustativas…»
Mario Busso in “O Chocolate”
Resta-me acrescentar que saborear chocolate, nunca mais será o mesmo!
Canela
terça-feira, abril 17, 2007
No Louco 975
Como sabemos que apanhamos o 975 correcto?!
Segundo o condutor, sempre que constatarmos que o motorista é louco!
«- Então? – disse Amadis.
- Então, como ele, nunca sabe onde as coisas irão parar. Geralmente nunca vem ninguém neste autocarro. Ora vamos lá a saber, como é que subiu?
- Como toda a gente – respondeu Amadis.
- Com este motorista – prosseguiu o homem – é aborrecido, porque não se lhe pode dizer nada, não compreende. Temos que reconhecer que ainda por cima é idiota.
- Lamento-o – disse Amadis. – É uma catástrofe.
- Pois é – disse o cobrador. – Um homem que podia estar a pescar à linha, e veja-se o que ele faz…
- Conduz um autocarro – verificou Amadis.
- Aí está! – retorquiu o cobrador. – O senhor também não é parvo nenhum!
- O que é que o pôs assim doido?
- Não sei. A mim calham-me sempre condutores doidos. Acha que isto tem alguma graça?
- Não, caramba!
- É da Companhia – disse o condutor. – Aliás na Companhia são todos doidos.
- O senhor lá se vai aguentando – disse Amadis.
-Oh! Comigo é diferente – explicou o condutor. – Percebe, eu não sou doido!...
Riu tanto e tão alto que ficou sem respiração. Amadis sentiu-se um bocado inquieto quando o viu rolar-se pelo chão, fazer-se roxo, depois branco e inteiriçar-se, mas logo sossegou quando percebeu que era a fingir: o outro piscava o olho revirado, o que era bastante bonito. Ao fim de alguns minutos, o condutor levantou-se.
- Sou um brincalhão – disse.
- Não me admira – respondeu Amadis.
- Há quem ande sempre triste, mas eu não. Se não fosse isso, ia lá ficar com um tipo como esse motorista!...»
Boris Vian in "O Outono em Pequim"
Fotografia de José Eduardo ("Pensando bem, não é tão longe..."), retirada do sítio "1000 imagens"
E agora, digam-me que não reconhecem esta estória em inúmeras situações… da vida!
Canela
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domingo, abril 15, 2007
Just a Poem
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço…
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz…
Miguel Torga in "Um poema"
Fotografia de Paulo Marques ("Detalhes"), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
É um poema
Um misto de oração e de feitiço…
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz…
Miguel Torga in "Um poema"
Fotografia de Paulo Marques ("Detalhes"), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
quinta-feira, abril 12, 2007
Loucura vs Poesia
Poesia não é a gente tentar em vão trepar pelas paredes, como se vê em tanto louco aí: poesia é trepar mesmo pelas paredes.
Mário Quintana in "Ressalva"
Canela
quarta-feira, abril 11, 2007
Reaprender…
… a acordar às 6 da manhã. Hoje não foi difícil. Amanhã, deduzo que, não vá ser fácil!
… a não ler à noite, o que vai ser muito difícil, sobretudo, quando se trata de deixar de ler, uma obra absolutamente surrealista e fantástica.
Canela
… a não ler à noite, o que vai ser muito difícil, sobretudo, quando se trata de deixar de ler, uma obra absolutamente surrealista e fantástica.
Canela
Sometimes Water
"Paga-me um café e conto-te
a minha vida"
o inverno avançava
nessa tarde em que te ouvi
assaltado por dores
o céu quebrava-se aos disparos
de uma criança muito assustada
que corria
o vento batia-lhe no rosto com violência
a infância inteira
disso me lembro
outra noite cortaste o sono da casa
com frio e medo
apagavas cigarros nas palmas das mãos
e os que te viam choravam
mas tu , não, nunca choraste
por amores que se perdem
os naufrágios são belos
sentimo-nos tão vivos entre as ilhas, acreditas?
E temos saudades desse mar
que derruba primeiro no nosso corpo
tudo o que seremos depois
"pago-te um café se me contares
o teu amor"
José Tolentino Mendonça in “Murmúrios do Mar”
Fotografia de F. Monteiro ("Noite Calma"), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
terça-feira, abril 10, 2007
Sometimes Earth
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...
Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...
Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.
Alberto Caeiro in "Acho tão Natural que não se Pense"
Nunca este poema fez tanto sentido, como nos dias que correm. Lembro-me de há uns anos atrás, durante uma discussão, alguém me ter dito:
- Sabe qual é o seu mal, menina? É que pensa demais!!!
Na altura fiquei com a plena certeza que, esta frase, era o remate perfeito, para quem não tem conhecimentos suficientes e argumentos "de peso" para se manter na discussão.
Hoje, dou por mim a pensar que, a tal pessoa, podia ter toda a razão e até já digo muitas vezes (para não ter que me aborrecer):
- Sabes uma coisa?! Não quero saber!!!
Deixem-me viver.
Deixem-me acreditar.
Deixem-me ter o fogo, o ar, a terra e a água.
Deixem-me ser feliz...
Porque nada pensa nada...
Fotografia de José Paulo Andrade ("A estrada Dourada"), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
segunda-feira, abril 09, 2007
Sometimes Fire
Vendo o rosto gentil que na alma vejo.
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
Apagar seus ardores e tormentos
Na vista do que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela nave
Que queima corações e pensamentos.
Luís de Camões
Fotografia de José Daniel ("Amor é fogo que arde..."), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
terça-feira, abril 03, 2007
Sometimes Heaven
And tell me truly, men of earth,
if all the soul-and-body scars
Were not too much to pay for birth
Robert Frost in "A Question"
Fotografia de Rui Nabais ("Encontro de Mundos"), retirada do sítio "1000 imagens"
Canela
segunda-feira, abril 02, 2007
Nas asas de uma quase realidade...
...em contagem decrescente. Para não ter que tangenciar uma experiência de quase morte.
Canela
Canela
domingo, abril 01, 2007
No dia de muitas mentiras...
Uma grande reportagem sobre uma bela verdade!
Hoje, no The New York Times, uma reportagem sobre a bela cidade do Porto.
Canela
Hoje, no The New York Times, uma reportagem sobre a bela cidade do Porto.
Canela
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