quinta-feira, maio 31, 2007

Recadinho

Nós por cá…


Percebe, agora, Sr.ª Ministra porque é que, é necessário descontar nos erros ortográficos? Ou será necessário colocar outra imagem?!


Canela



quarta-feira, maio 30, 2007

Revolução vs Poesia

Yo nunca seré político. Yo soy revolucionario porque no hay verdadero poeta que no sea revolucionario.

Gabriel Garcia Lorca

Canela

Recado

Só para deixar um sorriso, uma borboleta e muitos beijinhos!


Fotografia de autor desconhecido

Canela

terça-feira, maio 29, 2007

From Me...

STRANGER! if you, passing, meet me, and desire to speak to me, why should you not speak to me?
And why should I not speak to you?

Walt Whitman in "To You"


Canela

Efeitos Sinérgicos


Limpar os medos, pôr de lado os preconceitos
os ciúmes e os rancores
Preservar a criança que há em nós
Cortar finamente e com paciência
Bater com energia, saltear com coragem
Juntar generosidade
Amassar com as mãos
Levar o desejo ao ponto de ebulição

Ralar uma pitada de loucura
Condimentar com vida interior
e perfumar com amigos
Ligar com trabalho e diversão
Deixar repousar

Pode acompanhar-se com música e/ou crianças
Decorar com bom humor
e servir com alegria.


Maitena in “Receita para viver 100 anos”, publicada na revista ("Pública") do Jornal Público de 27. 05. 2007

Imagem de Jet ("Trabalhos Invisíveis"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

segunda-feira, maio 28, 2007

Em Movimento Centrípeto

Um pouco de filosofia conduz a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia encaminha-a para a religião.

Francis Bacon


Canela

Blue and White


fire
passion
ice
estrangement
ying
the cold
yang
warmth
sun
cheerfulness
moon
melancholy traits
between she and him
a lane where each agrees
to walk
negotating between
fire and ice
ying, yang
sun, moon
both knowing
that the human world
has evolved
in between these opposites
and in between
they would survive
and grow, procreate

inspired by

Fire and Ice

Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I've tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.






Robert Frost in "Fire and Ice"
Imagem de Alba Luna ("Re-nascer"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

domingo, maio 27, 2007

Fundamental

Primum non nocere

Aforisma Hipocrático

Canela

Aviso:

Nasceu um novo “blog”.
Não é sobre poesia, mas é poético!
Não é sobre alquimia, mas contém receitas!
Não é polémico, mas abre-se ao debate e participação!
Não é sobre ciência, mas é rigoroso, objectivo e baseado em fontes seguras!
É um “blog” muito interessante feito à nossa medida.
Um “blog” que nos vai pôr a mexer.
Curiosos! Encontra-se na barra lateral em “Blogs Úteis com Canela”. Agora é só espreitar!


Canela

quinta-feira, maio 24, 2007

Imperfeições


Tinha os olhos abertos mas não via.
O corpo todo era a saudade
de alguém que o modelara e não sabia
que o tocara de Maio e claridade.

Parava o seu gesto onde pára tudo:
no limiar das coisa por saber
- e ficara surdo e cego e mudo
Para que tudo fosse grave no seu ser.



Eugénio de Andrade in "O Anjo de Pedra"
Fotografia de Paulo Marques ("Aline 2"), retirada do sítio "1000 imagens"


Canela

O dia de hoje começou bem…

Hoje de manhã, ao entrar no autocarro, ouço um muito bem disposto:
- Bom dia!
- Bom dia! – Respondi, ainda, meia ensonada, mas a sorrir.
- Então para onde vamos hoje?!
- Como?! – Pergunto, sem perceber o que estava a acontecer e a pensar que tinha entrado no autocarro errado, nada que me surpreendesse!
Saio, novamente, do autocarro para verificar o número, porque não me apetece chegar atrasada e ouço:
- Espere! Onde vai?!
- Foi só verificar o número!
- Não se assuste! Está no autocarro certo! Para onde quer ir?
- Hoje o serviço é personalizado?! – Perguntei.
- Hoje é! Mas só hoje! Já reparou que tem o autocarro todo só para si!
Entrei, olhei e constatei que não havia mais passageiros no autocarro. Voltei a sorrir pelo inédito!
- Bom! Então para onde vamos?! Já que, hoje, tem o privilégio de escolher!
- Parece que sim! Então, se não se importar, quero que me conduza ao trabalho, por favor!
- E isso é para onde?
- Quase como na vida, no final da linha!
- Então, hoje, será até final da linha!
O autocarro seguiu viagem e durante vários quilómetros continuei a ser a única utente daquele autocarro. Incompreensivelmente, dei por mim (quase) a rezar para que entrasse mais alguém.
No final de linha e, já, com várias pessoas no autocarro, preparava-me para sair, quando ouvi novamente:
- Menina! Diga-me, então, onde trabalha?!
- Aqui! – Disse apontando.
- Não se importa de ficar!
- Como?! – Voltei a perguntar estupefacta.
Olho à volta e já não estava mais ninguém no autocarro.
- Hoje, como lhe disse, faço questão de a conduzir à porta!
As portas do autocarro fecharam-se de novo e lá seguimos viagem até à porta! Entretanto, somente um pensamento me ocupava o espírito – isto não me está a acontecer! Mas, estava!
Chegados à porta:
- Pronto menina! Está entregue!
Completamente atordoada e, desta vez, a rezar para não me cruzar com nenhum dos meus colegas, saiu-me, apenas, um deslavado:
- Muito obrigada!
- De nada menina! Foi um prazer! Desejo-lhe um excelente dia de trabalho!
- Obrigada e igualmente!
Agora, só me resta agradecer profundamente a este senhor e, uma vez mais, realçar a sua extrema simpatia, amabilidade, educação e boa disposição. Bem haja!


Canela

quarta-feira, maio 23, 2007

Semelhanças

A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco...
Porque a poesia é uma loucura lúcida.

Mário Quintana in "A Diferença"


Canela

Conta a Lenda…


Conta a lenda que Nicodemos (que conviveu com Jesus nos seus últimos dias) ao ser perseguido pelos Judeus e Romanos teria lançado ao mar da Judeia cinco esculturas feitas à imagem de Jesus.
Uma dessas imagens (a mais perfeita, segundo consta) atravessou o mar Mediterrâneo, entrou no oceano Atlântico e veio dar à praia do Espinheiro, actualmente, praia de Matosinhos e onde se localiza o Senhor do Padrão. Contudo, durante esta travessia a imagem terá perdido um braço.
A população local (na altura designado por Bouças) recolheu a imagem e erigiu-lhe um templo, o Mosteiro de Bouças, por lhe atribuírem inúmeros milagres.
Algum tempo depois, uma mulher que recolhia restos de madeira na praia levou para casa o braço que faltava à imagem. Quando chegou a casa tentou acender a lareira com a madeira, mas o braço saltou várias vezes para fora do lume. A filha desta mulher, que era muda, tentou alertar a mãe para o sucedido, mas como esta não lhe prestava atenção, a criança terá balbuciado, perante a estupefacção da mãe, que aquele era o braço que faltava à imagem do Senhor de Bouças.
Reza ainda a lenda, que quando foi novamente colocado na imagem, o braço encaixava perfeitamente, de tal forma, que parecia nunca se ter separado dela.


Canela

terça-feira, maio 22, 2007

A tradição nunca deixou de ser...

... o que era.
A Feira do Livro do Porto começa quinta-feira, mas, a chuva já chegou hoje.

Canela

domingo, maio 20, 2007

O “post” que me obrigou a esperar

Campeões

e


Resta-me constatar que o septo central do meu coração separa as duas aurículas e os dois ventrículos, mas não vai ser fácil ver o Porto jogar com o Leixões!


Canela

"En Garde!"

A preparar-me para enfrentar uma ambivalência de… sentimentos!



Fotografia retirada do Google

Canela

Feliz aniversário S.

Eu sei que tenho um dia de atraso! Pelo facto, as minhas desculpas! Sábado é o dia em que me liberto (quando posso!) de todo, para restabelecer os meus níveis energéticos.
Não deixa de ser irónico, o facto de, estares tão perto e tão longe do meu contacto! Factores à parte, o importante é estares aqui para festejares o teu aniversário, receberes mimos (tão bom!) e usufruíres de dias de sol deste magnífico país!
Sei que brevemente estaremos juntas, até lá, que cada segundo seja de puro deleite.
Que tenhas um aniversário repleto de felicidade (sei que sim!).
Canela

quinta-feira, maio 17, 2007

Manias

No chão, no mar, na lua, na melodia... Mania de você!

Canela

Fecha-se (quase) um ciclo!

O fim só se avizinha para amanhã, mas eu já ando a morrer… de saudade!
A todo este turbilhão de emoções que me assaltou de repente, e que, teima em permanecer, eu pergunto:
- Será que, também podemos desenvolver imunidade contra a saudade?!
Para mim, a resposta sempre fez questão de ser óbvia! E, a solução, com significância estatística, também – dedicação absoluta e (quase) em exclusividade a uma… função!


Fotografia de autor desconhecido


Canela

quarta-feira, maio 16, 2007

O Teu Sorriso!

Nega-me o pão, o ar,
a luz, a Primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Dedicado à minha mãe que é lindíssima, possuidora de uma beleza única, que vem de dentro. Como ontem dizia a minha Dona T:
- É tão bonita que parece uma menina!


Canela

terça-feira, maio 15, 2007

Dedicado à F.

Que partilha comigo a paixão pela poesia e pela Florbela Espanca. O comentário que passou a "post", uma vez mais! O poema que saiu da minha antologia para o "blog"!


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...



Florbela Espanca in "Amar!"

Imagem de Vitor Nunes ("Loucuras"), retirado do sítio "1000 imagens"

Canela

E se hoje precisasse de um estímulo…

… não teria de o pedir!


Fotografia de autor desconhecido


Canela

Advice

By all means marry: If you get a good wife, you’ll become happy; if you get a bad one, you’ll become a philosopher.

Sócrates (o outro! O Pensador)


Tradução para a minha filósofa predilecta:
O meu conselho é que te cases: se encontrares uma boa esposa, serás feliz; se encontrares uma má esposa tornar-te-ás um filósofo.

Nota: este conselho não é aplicável ao sexo feminino.


Canela

segunda-feira, maio 14, 2007

Naufrágio


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.




Cecília Meireles in “Canção”


Fotografia de José Marafona ("A Barca da Tristeza..."), retirada do sítio "1000 imagens"


Canela

domingo, maio 13, 2007

Feliz Aniversário F.

Hoje, só te peço que olhes para trás, por breves momentos. Estranha sensação, não?! Uma vitória com sabor a fel-mel!
Quem diria que, era possível trabalhar, desenvolver um trabalho de investigação, escrever uma tese e alguns artigos científicos, no teu caso, passar pela maternidade, num tempo estipulado à partida, de forma injusta (igual para todos), num tempo calculado para um regime de exclusividade e dedicação integral à investigação.
Mulheres que ultrapassam tudo, mesmo que o mundo lhes desabe nos ombros – tu és uma delas!
Neste tempo de trabalhos descobrimo-nos – a união em tempo de guerra!
Partilhamos a maternidade da M. – a dádiva de Deus em tempos difíceis!
Escrevemos as teses, publicamos os artigos e mudamos, radicalmente, de vida – o sabor a mel da mudança!
Manteve-se inalterada a amizade que cresceu no “tempo sem tempo” – as sólidas construções da vida!
Por muito mais do que conseguiria escrever, resta-me desejar-te dias eternos de leite e mel.
Que tenhas um dia repleto de felicidade.


Canela

quinta-feira, maio 10, 2007

Tomorrow it’s another day!


What if I say I shall not wait?
What if I burst the fleshly gate
And pass, escaped, to thee?

What if I file this mortal off,
See where it hurt me, that´s enough,
And wade in liberty?

They cannot take me any more,
Dungeons may call, and guns implore;
Unmeaning, now, to me

As laughter was an hour ago,
Or laces, or a traveling show,
Or Who died yesterday!



Emily Dickinson in "What if I Say?"
Fotografia de José Luís Mendes ("Tomate Capucho"), reirada do sítio "1000 imagens"

Canela

Hoje, não é sexta-feira …

… e eu cheguei a casa assim!


Imagem de autor desconhecido


Canela

quarta-feira, maio 09, 2007

Metas

Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,
Um sábio ou um poeta.

Manoel de Barros

Canela

Just a cup of tea

Just a tea for one


(em Londres num “eat in or take away”)
It’s only me
respondi à empregada de café
quando me quis sentar


Sou só eu
mais ninguém
só eu aqui descentrada do mundo
neurótica e distópica
em curtos arremedos grosseiros
e vulgares

It’s only me
a pedir um chá só ou só um chá
que a sintaxe de nós
permite estas permutas subtis
a inglesa já não
que just a tea pode bem ser
mas não a lonely tea
Sou só eu lonely me
só quero um chá
mais nada
e mais ninguém

Ana Luísa Amaral in “Gramática da 1ª Pessoa”

By the way a cinnamon tea, please!


Canela

terça-feira, maio 08, 2007

Abstracções

Hoje, sinto-me absorta a tentar construir… palavras.



Canela

Compact Size

Hoje, eles decidiram pegar com elas. Sempre que uma de nós (mulheres) passava, eles diziam:
- Lá vem outra pequenina!
Eu passei, ouvi e ripostei:
- Compact size, diz-vos alguma coisa?!
Talvez pela surpresa ficaram sem resposta e a aguardar o que viria, assim sendo, continuei:
- More information in less space!
Eles, ainda sem resposta, desataram a rir.
- Logo vi! Tanto espaço… para tão pouca informação! – e pronto, sai por último e a rir-me.


Canela

segunda-feira, maio 07, 2007

ConsCiências

A consciência de amar e ser amado traz um conforto e riqueza à vida que nada mais consegue trazer.

Oscar Wilde


Canela

«Um Toque de Canela»


O filme do “blog”, do realizador Tassos Boulmetis.
Um filme que, também, fala da canela. A especiaria que aproxima as pessoas.
- Faz com que se olhem nos olhos.
A canela que, no filme, é associada ao planeta Vénus – Afrodite – a mais bela das mulheres.
- É por isso que a canela é simultaneamente amarga e doce. Como todas as mulheres.


Canela

domingo, maio 06, 2007

Dia da Mãe

Hoje escrevo, não para marcar um dia, mas para distender todo este amor à vida.
No calendário-de-parede, que me conta o tempo, escrevi em letras garrafais o vocábulo EFÊMERO, para não deixar que os dias se atropelem e cheguem todos de uma só vez. Neste “tempo-do-depois”, até mim, chega, apenas, um dia de cada vez.
Mas, como sabes (tão bem), nem sempre foi assim, tempos houve em que, vivemos num tempo geracional – “tempo-de-caos” –, aquele que, apesar de curto, parece eterno. No tempo em que, questionei a minha fé e pôs em causa a minha vida. Nos dias em que, aprendi que é possível passar pela morte com vida. No tempo em que, senti um profundo medo de te perder.
Já passou, eu sei. Mas, ainda hoje pergunto se para aprender é necessário tanto sofrimento.
Eu sei a resposta. Sei, também, que a fé saiu fortalecida e sei, sobretudo, que nesse preciso tempo foi reconstruído de forma infinitamente particulada, com um profundo-amor-eterno o cordão umbilical que, agora, nos mantém unidas.
Que todos os dias sejam de partilhada felicidade mamá!


Imagem de Ricardo Fernando Silva ("De Sombra e Luz"), retirada do sítio "Olhares"

Canela

sexta-feira, maio 04, 2007

A essência do Blog

Jasminum grandiflorum, Jasminum officinale, Jasminum odoratissimum

(...)

Segundo o mito, Kama, deus do Amor, atingia as «vítimas» com flechas às quais atava flores de jasmim.
Para Xenofonte, é a flor do paraíso.
Cleópatra, antes de conduzir Marco António a um leito de pétalas de rosas, fora ao seu encontro num veleiro cujo casco era de madeira de cedro e cujas velas estavam impregnadas de essência de jasmim!
Na China antiga, o jasmim era o símbolo da beleza feminina e da sua delicadeza.

Segundo a arte do Feng Shui, possuir jasmim no jardim é indispensável para a harmonia da casa. A farmacopeia chinesa tradicional utiliza-o também misturado com vinho ou chá, ou em óleos de massagem. O jasmim tornou-se, no século XVIII, a flor de Grasse por excelência. Napoleão comprava aí grandes quantidades para Josefina de Beauhrnais.


Texto retirado do ABC do Perfume
Fotografia retirada daqui

Canela

quinta-feira, maio 03, 2007

Farmacologia vs Poesia

Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.

William Shakespeare

Canela

quarta-feira, maio 02, 2007

Once upon a time...

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Imagem de Mariah ("Hoje estava capaz de me ir embora"), retirada do sítio "Olhares"


Canela

terça-feira, maio 01, 2007

Feliz Aniversário N.

Feliz aniversário a quem me vestiu, sempre, de veludo azul. (Ainda falta o “Blue Velvet”! Talvez o escreva, um dia! Ou não!).
Feliz aniversário a quem me adornou, sempre, com pérolas azuis do Pacífico e com turquesas de lugares recônditos.
Feliz aniversário a quem me enviava, sempre, para o pólo Norte, nas férias de Verão.
Feliz aniversário a quem me ofereceu um CD que, inclui esta música.
Feliz aniversário, a um dos amigos, que não me deixou abandonar a faculdade no primeiro ano e que, me ajudou a perceber que, mesmo nos meios mais inóspitos podemos sofrer adaptação, ao meio apenas! Algo que me parecia, inicialmente, absolutamente impossível!
Feliz aniversário a quem me aturou todas as manias e todos os caprichos. Como vês eu poupo-te o trabalho de obteres, determinados, registos meus!
Bom! Não vás agora decolar e pensares que és um anjo! Porque, meu amigo, não és! Eu também te aturo imenso!
Só para recordares: uma viagem a Vigo imersa em sacos de amendoins! Quem diria!
Uma hipocondria sem limites! E, por mais que eu tenha consciência da tua “saúde-de-ferro”, tu vences-me pelo cansaço!
E, finamente, não me tentes convencer que não lês, diariamente, o “blog”, e que, os “sites” da Playboy são muito mais interessantes! Eu sei que lês! Por isso, espero que tenhas um aniversário imensamente Feliz!


Canela

1º de Maio

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade


Era a sua escravidão.

(…)

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão —
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia


Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo


Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão.
Pois além do que sabia
— Exercer a profissão —
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:


A dimensão da poesia.

(…)

Vinicius de Morais in “ O Operário em Construção”

Canela