segunda-feira, novembro 05, 2007

Há dias assim…

No final do meu trabalho matinal, ainda à conversa com eles, recebo uma chamada a dizer: Por favor desça que já entrei em trabalho de parto. Não queria acreditar, apesar de já o esperar desde o fim-de-semana, mas, hoje de manhã quando a vi entrar ainda lhe disse: Desça para se examinada e quando eu terminar vou busca-la para irmos tomar o nosso descafeinado. Há trinta e nove semanas que tomamos diariamente (em cinco dias da semana) o nosso descafeinado. Hoje a M. não nos deu tempo.
- Já sabe! Cancele tudo o que tem para fazer que eu quero que fique comigo.
- Os seus pedidos são ordens!
O dia foi longo e deu para tudo, até para constatar que, um dos médicos, que também vai ser pai brevemente, tinha ido de férias sozinho.
- Não podes estar a falar a sério!
- Porquê?! Tu não saberias o que fazer numa situação semelhante?!
- Eu?! Então não saberia! Comigo nem ias. E se fosses, no teu regresso tinhas as malas à porta. – entretanto ia pensando – Há homens com sorte.
- Os teus padrões de exigência sempre foram muito elevados!
Perante semelhante afirmação só me restou sorrir e continuar a pensar: De facto, há homens com sorte.
Á medida que o tempo ia passando a A. ia dando sinais de que o parto estaria para breve. Às quatro da tarde já estávamos todos a postos para receber a M.
- E o pai! Onde está?!
- Não o quero comigo Jasmim. Ele não vai aguentar.
Realmente, não podia deixar de pensar: Há homens com sorte!
O pai chegou, e não aguentou.
Mas desta vez eu compreendi. O parto foi complicado e para a M. nascer foi necessário recorrer a ventosas.
No final com toda a gente transpirada e exausta, a primeira coisa que fiz depois de me comover ao ver a M. nascer, foi agarrar-me aos beijos à A. As mulheres são, sem dúvida, seres extraordinários. A A. foi cortada, sofreu imensas dores, ficou exausta e não disse um ai.
A M. é um bebé lindíssimo, enorme e entrou no mundo com uma vitalidade invencível.
Sai a chorar quando a A. agradeceu a toda a equipa (comovida) e no final me segredou: Obrigada tia Jasmim, em nome da M.
Agora encontro-me a escrever o que lhe devia ter dito:
Eu é que agradeço A., o facto de me ter escolhido para partilhar consigo o nascimento da M.
Para ti minha centelha de Sol: Sê bem-vinda meu amor Lindo.


Canela

2 comentários:

Licas disse...

Que bom! Fico tão feliz pela A. e obviamente pela M., que embora só tenha visto naquela imensa barriga linda da A., teve o privilégio de nascer nos braços da pessoa fabulosa que és. A A. não podia ter escolhido melhor.
Dás um beijinho meu às duas?!
1 grande para ti de nós as 3

Anónimo disse...

Obrigada Doce!
Amanhã darei. Não tão cedo quanto hoje, como não consegui dormir, foi vê-las praticamente de madrugada, curiosamente, quando cheguei estavam todos a dormir, excepto as minhas duas meninas.
Das duas vezes que falei com a M. respondeu-me com um sorriso lindo, apesar de hoje ainda serem muito evidentes as dificuldades do parto de ontem, na mãe e na filha.
Desde o inicio da gravidez que a A. dizia que a M. iria nascer num dia em que eu pudesse assistir ao parto e assim foi.
Agora durante 5 ou 6 meses vou ter imensas saudades da A. que é como tu – um doce e uma ternura.

Um beijinho grande para os meus três amores