quarta-feira, novembro 07, 2007

Cores, Letras e Poesia



Eu de barba branca a tiracolo
rodeado de fumo por todos os lados vadios
menos pelo lado do mar
com um incêndio à ilharga
e dois artelhos clandestinos
eu salvo miraculosamente para te amar e curar
e esperar o teu regresso glacial e escarlate
que escrevo poemas desde que um rato
me entrou prós pulmões e só por causa disso
eu que disse: há um cancro no mapa universal
e engenheiros, geógrafos, doutores se apressaram a negá-La
eu da cintura pra cima de alcatrão e terror
e do umbigo pra baixo de quiosque chinês
eu não espero piedade obrigado




António José Forte in “Declaração”
Pintura de Ana Cesária (“As cores das Letras”)


Canela

2 comentários:

Anónimo disse...

"Eu de barba branca a tiracolo (sim porque a idade não perdoa!)
rodeada de fumo (nos sítios possíveis, agora que na maior parte é proibido)
com um incêndio muitas vezes ao peito
e vários artelhos clandestinos,
eu sobrevivendo miraculosamente para aprender a amar , curar
e esperar o regresso de coisas boas que virão..."
Piro-plágio

Anónimo disse...

Então e eu!
"Eu qualquer dia de baba no queixo (sim porque a idade há-de chegar e não perdoa!)
rodeada de névoa por todo lado, menos pelos lados escuros (porque a acuidade visual anda pelas ruas da amargura!)
com um incêndio na alma e na consciência (por todo o trabalho que não consigo fazer, agora era suposto preparar uma aula e não escrever no blog!)
Com artelhos próprios e funcionais (felizmente, haja alguma coisa que funcione, por se formos além dos artelhos é bem possível que a estória mude!)
eu sobrevivendo miraculosamente a quem me "compila" o juízo, ao trabalho, ao outro trabalho e ao cansaço, já não quero saber de amar, não tenho tempo para os gajos, mas ainda assim espero o regresso de dias de sol, mar e o merecido descanso com um sorriso de orelha-a-orelha!

Canela-triplágio