segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Espaços Encurtados

Cruzar olhares será tarefa fácil,
mas não trocar de olhar:

Em foco: um outro ponto, do avesso,
em avesso: outra luz,
outra paisagem

Como de um outro azul,
um brilho outro,
um céu rasgado a nuvens
de outra cor

Cruzar olhares será tarefa breve,
trocar de olhar: uma forma de pôr
em palco de deserto, antes miragem:
agora uma viagem
sem regresso

- que a troca: irreversível:

Uma forma de excesso devolvido
ao espaço inabitado
por igual

Cruzar olhares: uma tarefa curta.
(A outra:
a mais gramatical
forma de amar)




Ana Luísa Amaral in “Gramáticas do olhar”
Pintura de Paula Rego (“Broken Promises”), imagem retirada daqui.


Canela

4 comentários:

Anónimo disse...

Espero que tenha sido boa a ultima troca de olhares!
É que algumas vezes vale mesmo a pena...apesar de alma ser, por vezes, pequena!
Da Paula Rego só posso dizer que deste gostei!
Piro

Anónimo disse...

Lindo poema!
Adoro olhares... Me apaixono muito fácil quando olham nos meus olhos e me falam qualquer coisa bonita... Fico perdido e hipnotizado em paisagens distantes... Me encontrei nas palavras desse poema Doce Canela!

Adoro trocar olhares apaixonados...
Mesmo que eu morra no processo de admirar a beleza dos olhos!

Beijos
au revoir doce Canela o//

Anónimo disse...

Olá Linda!

Cruzo-me diariamente com olhares, mas devido ao cansaço e aos problemas, eu que sou naturalmente distraída, deixei de ver. Mas, em contrapartida passei a dar muito mais valor aos gestos, às palavras, aos abraços, aos beijinhos, enfim à “Troca de olhares”.
Por isso, passei a receber diariamente abraços e beijinhos e gosto tanto, principalmente dos abraços e das palavras doces associadas: “Força Linda! Tu vais conseguir”.
Que Deus os ouça, porque me sinto sem força.

Anónimo disse...

Lesse tanta coisa num olhar profundo Doce Trovador!
Tanta coisa se pode apreender num olhar.
Depois existem olhos doces, transparentes, arrebatadores.
É impossível não mergulhar no olhar de quem se ama, é quase impossível não lhe atingirmos a alma, não entrar na mais profunda “troca de olhares”.
Que bom seria poder morrer em absoluta comunhão de “Troca de olhares”

Beijinhos Doce Trovador