sexta-feira, janeiro 12, 2007

Voluntariado

Ontem recebi um telefonema da minha Dona T., completamente desesperada. O desespero era de tal forma que, nem consegui perceber o que dizia, percebi, apenas, que precisava de mim. Sai de casa disparada e foi ver o que se passava.
Estava com uma reacção inflamatória que lhe atingia, sobretudo, os braços e o rosto, quase não conseguia articular as palavras e tremia imenso. Relativamente à reacção inflamatória, um corticóide resolveu o problema.
Mas para falta de carinho não existem “corticóides” à venda. Para a violência psíquica, que certos deficientes afectivos praticam sobre estas pessoas fragilizadas, devia de haver uns dias de cadeia.
Ontem a minha Dona T. precisou muito mais do que um corticóide.
Preciso que lhe desse a sopa, os comprimidos, que conversasse um pouco com ela para a acalmar.
Depois precisou que lhe vestisse o pijama, que a metesse na cama e que lhe desse muitos, muitos beijinhos de Boa Noite.
Antes de sair, pediu-me o terço e ficou a rezar por mim.
Sai tranquila, porque vi que, o meu "anjo-da-guarda" ficou bem.
De regresso a casa lembrei-me da multidão de “anjos”, que saem para a rua aquela hora, para levar carinho, refeições quentes, agasalhos e cuidados médicos aos sem abrigo. Dos que saem, também, de manhã e vão para os hospitais, para lares de crianças e idosos abandonados, dos que vão de porta em porta carregados de bens essenciais, dos que ajudam as crianças à porta da escola, dos que estão ao lado dos que sofrem.
Lembrei-me de todos estes inconformados, dos que não têm artigos nos jornais de tiragem diária, dos que não vêm em revistas, nem na televisão.
Lembrei-me de todos os inconformados que se cansaram de ouvir e preferem agir. Dos que descobriram a importância de um sorriso, de um abraço, de um estender de mão. Dos que descobrem todos os dias a importância da vida.
A todos os voluntários o meu profundo e eterno agradecimento. Bem hajam.
Canela

3 comentários:

Anónimo disse...

Essas pessoas são extremamente importantes mas cada vez nos sentramos mais em nós, esquecendo-nos que os outros são o que de mais importante existe, acontecendo isso sobretudo a pessoas que sofreram e que por isso, muitas das vezes, têm medo de sofrer outra vez, perdendo o que melhor a vida tem...os outros!
O medo de arriscar leva às maiores perdas...Só tenho pena daquilo que não fiz, porque o que fiz está feito e sempre serviu para aprender, muitas vezes com bastante sofrimento, mas isso é viver!
Piro

Anónimo disse...

Um mundo, que cada vez mais, parece viver para dentro, ao contrário.
Como diria a B. muita pobreza, é o que é!!!!
Kisses

Anónimo disse...

Agora que fui aqui vi e não gostei, principalmente na centralização do "sentramos"! Este português está cada vez mais descaído com as mensagens...horrível,perdoa-me!
Piro