…
Ajoelhada em frente do espelho, junto da cama, olhou para fora e observou de novo que já era dia e que ia voltar para casa.
Shimamura lançou um olhar à jovem, mas, num gesto brusco, deixou cair a cabeça sobre a almofada: toda aquela brancura existente na profundidade do espelho era a neve, e, no meio dela, ardia o rosto vermelho da mulher. A beleza desse contraste era de uma pureza inefável, de uma intensidade quase insustentável, de tal modo excitante e expressiva.
Ajoelhada em frente do espelho, junto da cama, olhou para fora e observou de novo que já era dia e que ia voltar para casa.
Shimamura lançou um olhar à jovem, mas, num gesto brusco, deixou cair a cabeça sobre a almofada: toda aquela brancura existente na profundidade do espelho era a neve, e, no meio dela, ardia o rosto vermelho da mulher. A beleza desse contraste era de uma pureza inefável, de uma intensidade quase insustentável, de tal modo excitante e expressiva.
Shimamura perguntou a si próprio se o Sol teria já nascido, pois a neve tomara de súbito um esplendor ainda mais brilhante no espelho: dir-se-ia um incêndio no gelo. O próprio negro dos cabelos da jovem, em contraluz, parecia menos profundo, secretamente habitado por um jogo de sombras de tom avermehado.
Yasunari Kawabata in “Terra de Neve”
Fotografia de Kunstfotografie ("La tentation vermeille")
Canela
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