quinta-feira, setembro 27, 2007

Sonhos Trocados

Com disse Rómulo de Carvalho «o sonho comanda a vida», pois comanda. Mas, será que os sonhos comandam o Homem?
Tenho para mim que existem sonhos e Sonhos. Sonhos que construímos, sonhos que vivenciamos, sonhos que realizamos, sonhos que fantasiamos, sonhos que nos fazem seguir em frente, sonhos azuis, sonhos cor-de-rosa, sonhos bons e sonhos maus, mas tenho alguma dificuldade em aceitar os sonhos que me perseguem, ou tinha.
A autonomia dos sonhos assusta-me. Não os sonho, mas eles sonham-me. Não os procuro, mas eles querem-me, procuram-me, insistem e não desarmam até que, eu a eles me abandone. Tem sido assim durante estes últimos anos.
Alguém construiu um sonho, no preciso momento em que, eu terminava um sonho sonhado.
- Construí um sonho para ti, aceitas?
- Obrigada, mas não! Estou demasiado cansada, o último sonho sonhado esgotou-me!
- Mas neste sonho foi construído só para ti! Só tu o podes sonhar!
- Ainda assim, gosto de os construir. Obrigada!
Parti, julgando que tinha acabado de resolver um problema com sonhos trocados. Engano meu.
O sonho voltou, mais contundente, absolutamente igual aos sonhos que gosto de sonhar. E a pergunta voltou a surgir:
- Encontrei um sonho que só pode ser teu, perdeste-o?!
- Julgo que não! Há uns tempos atrás abandonei um sonho, mas não era meu!
- Ficas com ele?
Aqui instalou-se a dúvida. Era o sonho perfeito. Se o construísse não teria nascido melhor. Gostava dele. Mas, não era meu.
- Bom! Julgo que não! Talvez não. – Sentia-me a vacilar, insegura.
- Tens a certeza que é isso que queres?!
Quando a pergunta é colocada nestes termos, nunca me restam dúvidas, por isso a resposta foi imediata:
- Tenho. Não quero esse sonho.
Mas, foi, definitivamente, um sonho mal resolvido. Passei a sonha-lo frequentemente. Comecei a lutar por ele. Foram dois anos de intensa procura, de luta, de imensas batalhas, com algumas derrotas, com algumas (talvez muitas) vitórias. Na memória ainda estão bem presentes os dias de infinita esperança, as portas a fecharem-se, as noites (quando havia noites) revolvidas a criar alternativas, os medos dos outros, a expectativa de os fazer acreditar, as angústias, os que sempre acreditaram, os cépticos.
No fim (que ainda é o principio) o sonho rejeitado e amado começou a surgir, foi ganhado “asas”, reuniu dedicados sonhadores. Neste momento tem três belíssimas mulheres com uma enorme vontade de o tornarem altamente contagioso.
Por todos os meus sonhos, e este em particular, começa a ser notório que o tempo vai escassear (mais ainda). Assim sendo, pode ser que o “blog” passe a ter um prognóstico reservado. Fica desde já a promessa de que, num futuro próximo, voltarei a este assunto.


Canela

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