terça-feira, julho 21, 2009

Cefaleia

ou esta dor que não me abandona...

Arrastas lânguidas palavras
em dias sem ternura
e repara que não digo:
Mentes.

Prenuncias vocábulos inaudíveis
como se o mel
escorresse em golfadas de azul
e repara que não digo:
Fantasias.

Caem-te da boca
pérolas que não chegam
aos meus ouvidos
na tristeza dos nossos dias
e repara que não digo:
Amas-me?

Porque engoli a mais doce das palavras.


Canela

domingo, julho 12, 2009

quinta-feira, julho 09, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

Daniel

ou para um dia muito Feliz.



Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos Deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Fernando Pessoa

Imagem de António Ramos in "Ambiente", retirada do sítio "1000 Imagens"


Para o mais doce dos Elos. O Elo da Amizade. Que tenhas dias felizes de Mar e Sol, com um céu de Estrelas.


Canela

sábado, junho 13, 2009

segunda-feira, junho 01, 2009

Muito Grata

Sem nenhum cinismo associado ao tema supracitado, quero agradecer a quem decidiu tornar-se um dos empecilhos do meu caminho.

A todos aqueles que, de uma ou outra forma, decidiram que não me vão deixar atingir os objectivos a que me propôs, desenganem-se, não percam tempo, não comprometam o vosso equilíbrio psíquico. Não há nada que me motive mais do que saber que alguém pensa que me consegue impedir de atingir o que quer que seja, ou alguém que pensa que não vou conseguir. Sinceramente, este tipo de atitude é tudo quanto preciso para avançar. Adoro que me ponham à prova. Nunca abandono uma competição por mais desonesta que seja.


I rest my case.



Canela

sábado, maio 23, 2009

All my Stars Aligned

I do a dance to make the rain come...

And you' ve got the answer.





Canela

quinta-feira, maio 21, 2009

Mimos

A vantagem de viver entre o mar e o campo, é ter vizinhos que me mimam. À quinta-feira tenho uma vizinha que mói o milho e o centeio e coze, em forno de lenha, a melhor-broa-do-mundo.
Eu digo-lhe a que horas volto para casa, e volto sempre muito cedo à quinta-feira, e a minha adorável vizinha coze a broa pouco tempo antes, para que eu a coma quente.

Existem prazeres que não se descrevem.



Canela

quarta-feira, maio 20, 2009

Relativa precisão

Porque é que à quarta-feira eu não consigo deixar de pensar que é sexta-feira?
Porque é que em dois dias da semana, eu vivo o equivalente a 5 (de trabalho intenso)?
Porque é que mesmo sabendo que posso acordar mais tarde amanhã, já tenho tudo planeado para acordar mais cedo?
Porque é que o enquadramento dos meus dias na teoria da relatividade do tempo sempre foi perfeito?

A resposta a todas estas questões é simples, muito simples:
- os meus dias deveriam ter 48 horas relativas.
- se seguisse os conselhos da minha mãe, deveria saber que sozinha não consigo mudar o mundo.

Infelizmente os meus dias são de 24 horas precisas e penso, sempre, que consigo mover céu-e-terra.



Canela

domingo, maio 10, 2009

sábado, maio 09, 2009

Playing with Fire...






Canela

Tripas à Moda do Porto...

... ou constante saudade de ti?

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje.)

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque que é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-me frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.


Álvaro de Campos in "Dobrada à Moda do Porto"



To you, my sweet and hot love

One day, in a restaurant, outside of space and time,
I was served up love as a dish of cold tripe.
I politely told the missionary of the kitchen
That I preferred it hot,
Because tripe (and it was Oporto-style) is never eaten cold.

They got impatient with me.
You can never be right, not even in a restaurant.
I didn't eat it, I ordered nothing else, I paid the bill,
And I decided to take a walk down the street.

Who knows what this means?
I don't know, and it happened to me...

(I know very well that in everyone's childhood there was a garden,
Private or public, or belonging to the neighbor.
I know very well that our playing was the owner of it
And that sadness belongs to today.)

I know this many times over,
But if I asked for love, why did they bring me
Oporto-style tripe that was cold?
It's not a dish that can be eaten cold,
But they served it to me cold.
I didn't make a fuss, but it was cold.
It can never be eaten cold, but it came cold.


Álvaro de Campos in "Oporto-Style Tripe", translated by Richard Zenith



Canela

domingo, abril 12, 2009

Parallel Lines

If you found the words, would you really say them?
Or silent through the verse,
Will mumble punctuation?
Remembering the line, an empty metaphor
That you savor by yourself
Your never cure
If I forgot the lines, is it easy enough to fake it?
Or do you need a moment to rememorize
And model it like a curse half disguised?





Canela

No muito que tenho e no tanto que me falta…

Falta-me o tempo para estar com os amigos,
Faltas-me Tu,
Falta-me o meu “Mar”,
E a imensidão da “Lua”

No tanto que tenho fica a constante lembrança do tempo que não deixo passar, das datas que foram, mas que na inversão do tempo, ainda são:
O dia 30 de Março permanece. É hoje. Será sempre…


Exactamente como foi, o medo de me enganar
mais tarde na memória – é tudo o que me resta: estar
de noite às escuras a pensar em ti

E se me lembro mal, se troco as vezes, naquela
quinta-feira o dia do amor em vez de ser
na segunda, o erro surge-me gigante, um peso carregado como Atlas


Por isso é que preciso de lembrar coisas
exactas, como aconteceu tudo; não só
transpor depois para a ficção recolhida, sou eu
que te preciso e dos teus dias
que me foram meus

Lembrar-me exactamente como foi, o que usei
nesse dia e o que usei no outro, até que horas
tudo, se havia gente ou não
e em que dia. Porque as palavras depois se
reconstroem

O que se disse então torna-se fácil.
Assim dito parece coisa pouca,
lugar comum e
fácil, mas as noites são grandes

e lembrar-te
exactamente
de uma forma correcta

é-me tão importante
dentro das noites a pensar em ti
sabendo: não te vejo nunca mais.


Poema de Ana Luísa Amaral in “O Exacto Curso do Rio”, ligeiramente alterado: onde se lê: «segunda», deve ler-se: quarta


Mesmo sabendo que nenhuma palavra de Desculpa me desculpa, envio-Te as palavras e as rubras flores. Para Ti meu “Doce Mar”. Muitos parabéns.


Canela

terça-feira, março 10, 2009

A Oração

A oração que uma Amiga e colega me deixou em cima da secretária:

Querido DEUS,
A rapariga que está a ler isto é bonita e forte e eu adoro-a.
Ajuda-a a viver a vida ao máximo.
Por favor, fá-la superar todas as suas expectativas.
Ajuda-a a brilhar nos lugares mais obscuros onde é impossível amar.
Protege-a o tempo todo e ergue-a quando ela mais precisar de Ti,
fazendo-a saber que ela caminha Contigo e estará sempre segura.
Adoro-te, amiga!

Há dias em que nos faltam todas as palavras, mas sobeja amor.


Canela