domingo, agosto 24, 2008

Manhã em resumo

Às cinco da manhã já vestia roupa de desporto e calçava as sapatilhas. Sai para a rua com a noite ainda instalada, mas a saber onde acorda o sol. Concentro-me na linha do horizonte que me devolve o tempo. E, assim que os tons quentes se instalaram, saltaram as recordações de manhãs iguais passadas no Douro.
O cheiro da terra quente, o sabor doce de um vago de moscatel (colhia um vago de cada cacho, para grande tristeza do meu avô), o cheiro quente dos figos e a rugosidade das folhas das figueiras. O chilrear dos melros e das rolas, o som da água cristalina do rio que atravessava as nossas terras e o som oco das carapaças dos cágados que atravessavam as pedras do rio.
Os pés que penetravam as águas gélidas, a pele alva do meu avô e os seus enormes e lindíssimos olhos azuis.
Enquanto o tempo conspirava, redescobria o cheiro da terra seca e sentia o som dos cascos do cavalo contra o xisto: era o meu avô que chegava para me resgatar, antes que qualquer raio de sol me queimasse a pele.
Quem sabe se um dia troco a linha-do-mar, pela linha-dos-montes em socalcos do Douro.
Antes das nove da manhã perfazia mais ou menos 20 km, mas já tinha parado para tomar o pequeno-almoço.
Hoje foi uma manhã com objectivos cumpridos e algumas dores musculares.



Canela

2 comentários:

Anónimo disse...

Ahhh, Doce Canela! Creio que nunca li um nascer do sol assim, tão belo...

Lindo!

Agora, vou ao desafio!

Queres que eu lhe mostre um poema de Drummond pra que possa pô-lo no teu blog? E isto é desafio?! Isto é uma HONRA isso sim!

Vou escolher o poema de Drummond, na verdade, já o tenho na cabeça, só preciso pega-lo na íntegra...
Agora, diz-me: Quer que eu poste o poema no meu blog? Não entendi como queres que eu lhe mande o poema... rsrsrs

Anónimo disse...

Olá Lindo!

Obrigada Lindo!
Um doce, como sempre!

Muitos beijinhos