Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que Deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que Deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O’Neil in “Gato”
Fotografia de Karula (“Que olhar”), retirada do sítio “Olhares”
Canela
3 comentários:
E, ainda a propósito da caminhada...tivemos um guia durante parte do caminho que foi...um gato!
Lindo, felpudo, meiguinho "cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos"
e que soube exactamente quando já não precisavamos da sua ajuda!
Piro
Ou seja um gato inteligente, que sabe quando deve retroceder.
É pena que algumas pessoas não tenham capacidade de aprender com os felinos!
Piro
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