Falta-me o tempo para estar com os amigos,
Faltas-me Tu,
Falta-me o meu “Mar”,
E a imensidão da “Lua”
No tanto que tenho fica a constante lembrança do tempo que não deixo passar, das datas que foram, mas que na inversão do tempo, ainda são:
O dia 30 de Março permanece. É hoje. Será sempre…
Exactamente como foi, o medo de me enganar
mais tarde na memória – é tudo o que me resta: estar
de noite às escuras a pensar em ti
E se me lembro mal, se troco as vezes, naquela
quinta-feira o dia do amor em vez de ser
na segunda, o erro surge-me gigante, um peso carregado como Atlas
Por isso é que preciso de lembrar coisas
exactas, como aconteceu tudo; não só
transpor depois para a ficção recolhida, sou eu
que te preciso e dos teus dias
que me foram meus
Lembrar-me exactamente como foi, o que usei
nesse dia e o que usei no outro, até que horas
tudo, se havia gente ou não
e em que dia. Porque as palavras depois se
reconstroem
O que se disse então torna-se fácil.
Assim dito parece coisa pouca,
lugar comum e
fácil, mas as noites são grandes
e lembrar-te
exactamente
de uma forma correcta
é-me tão importante
dentro das noites a pensar em ti
sabendo: não te vejo nunca mais.
Poema de Ana Luísa Amaral
in “O Exacto Curso do Rio”, ligeiramente alterado: onde se lê: «segunda», deve ler-se: quarta
Mesmo sabendo que nenhuma palavra de Desculpa me desculpa, envio-
Te as palavras e as rubras flores. Para
Ti meu “
Doce Mar”. Muitos parabéns.
Canela