Nada do mundo mais próximo mas aqueles a quem negamos a palavra o amor, certas enfermidades, a presença mais pura ouve o que diz a mulher vestida de sol quando caminha no cimo das árvores «a que distância da língua comum deixaste o teu coração?»
a altura desesperada do azul no teu retrato de adolescente há centenas de anos a extinção dos lírios no jardim municipal o mar desta baía em ruínas ou se quiseres os sacos do supermercado que se expandem nas gavetas as conversas ainda surpreendentemente escolares soletradas em família a fadiga da corrida domingueira pela mata as senhas da lavandaria com um «não esquecer» fixado o terror que temos de certos encontros de acaso porque deixamos de saber dos outros coisas tão elementares o próprio nome
ouve o que diz a mulher vestida de sol quando caminha no cimo das árvores «a que distância deixaste o coração?»
José Tolentino Mendonça in “A Presença Mais Pura” Pintura de Duma (“Sabes… acho que concordo contigo!”), retirada daqui.
(…) Maybe I’ll never die I’ll just keep growing younger with you And you’ll grow younger too Now it seems too lovely to be true But I know the best things always do …