Daria as vidas que lhe restam por minutos em seus braços Cinderela sem queixume à meia-noite de volta pro borralho Mulher-gato retornaria todo dia só para lamber sua boca de Batman Cravaria o gatázio em sua carne quem sabe alcançaria um coração no peito? Pois quem gateia é ele foge negaceia brinca de gato e rato Diante disso ela se contenta em gatafunhar seus escritos
Ana Guimarães in “Seis” Imagem de autor deconhecido.
Estudiosos austeros ou libertinos ferverosos Chegada a maturidade Começam a gostar de gatos_ Os gatos a sério Verdadeiras preciosidades Meigos e poderosos Como eles friorentos Como eles sedentos de ler
Amigos do saber e do prazer Os gatos Procuram o sossego e a sombra estranha
Se fosse possível vergar-lhes o orgulho em servidão Erebe tê-los-ia empregue como seus mensageiros fúnebres
Altivos por indiferença Tomam as poses nobres Das grandes esfinges Que no fundo da sua solidão Parecem dormitar sem fim nem despertar
Charles Baudelaire (“Os Gatos”) in “As Flores Do Mal”, tradução de Maria Gabriela Llansol Imagem de autor desconhecido