sábado, maio 23, 2009

All my Stars Aligned

I do a dance to make the rain come...

And you' ve got the answer.





Canela

quinta-feira, maio 21, 2009

Mimos

A vantagem de viver entre o mar e o campo, é ter vizinhos que me mimam. À quinta-feira tenho uma vizinha que mói o milho e o centeio e coze, em forno de lenha, a melhor-broa-do-mundo.
Eu digo-lhe a que horas volto para casa, e volto sempre muito cedo à quinta-feira, e a minha adorável vizinha coze a broa pouco tempo antes, para que eu a coma quente.

Existem prazeres que não se descrevem.



Canela

quarta-feira, maio 20, 2009

Relativa precisão

Porque é que à quarta-feira eu não consigo deixar de pensar que é sexta-feira?
Porque é que em dois dias da semana, eu vivo o equivalente a 5 (de trabalho intenso)?
Porque é que mesmo sabendo que posso acordar mais tarde amanhã, já tenho tudo planeado para acordar mais cedo?
Porque é que o enquadramento dos meus dias na teoria da relatividade do tempo sempre foi perfeito?

A resposta a todas estas questões é simples, muito simples:
- os meus dias deveriam ter 48 horas relativas.
- se seguisse os conselhos da minha mãe, deveria saber que sozinha não consigo mudar o mundo.

Infelizmente os meus dias são de 24 horas precisas e penso, sempre, que consigo mover céu-e-terra.



Canela

domingo, maio 10, 2009

sábado, maio 09, 2009

Playing with Fire...






Canela

Tripas à Moda do Porto...

... ou constante saudade de ti?

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje.)

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque que é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-me frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.


Álvaro de Campos in "Dobrada à Moda do Porto"



To you, my sweet and hot love

One day, in a restaurant, outside of space and time,
I was served up love as a dish of cold tripe.
I politely told the missionary of the kitchen
That I preferred it hot,
Because tripe (and it was Oporto-style) is never eaten cold.

They got impatient with me.
You can never be right, not even in a restaurant.
I didn't eat it, I ordered nothing else, I paid the bill,
And I decided to take a walk down the street.

Who knows what this means?
I don't know, and it happened to me...

(I know very well that in everyone's childhood there was a garden,
Private or public, or belonging to the neighbor.
I know very well that our playing was the owner of it
And that sadness belongs to today.)

I know this many times over,
But if I asked for love, why did they bring me
Oporto-style tripe that was cold?
It's not a dish that can be eaten cold,
But they served it to me cold.
I didn't make a fuss, but it was cold.
It can never be eaten cold, but it came cold.


Álvaro de Campos in "Oporto-Style Tripe", translated by Richard Zenith



Canela