quinta-feira, outubro 18, 2007

Perdi a cabeça…

Não posso sair de casa de mal com a vida, porque só faço asneiras. Hoje, entrei na primeira livraria que me apareceu no caminho e comprei 1 (um) livro por 100 Euros (cem Euros). Não, não é engano, a leitura está absolutamente correcta: um livro = 100 Euros. Claro que sai a pensar, ensandeci de vez, será que há alguém que me interne. Ainda se fosse uma obra literária para a vida, daquelas que se eternizam pela escrita genial dos seus autores, ainda se fosse uma colectânea de poesia. Não, não, e não. É uma obra literária que, segundo as minhas previsões, nos próximos cinco anos estará desactualizada, se não for antes! É uma obra que compila (sempre achei este termo curioso!) um conjunto de trabalhos de um bando de desgraçados que, como eu escrevem de graça. É aqui que o termo “compila” se aplica na verdadeira ascensão da sua fonética, sem dúvida que me faz sentir “compilada” a torto e a direito. Senão vejamos, andamos nós (os desgraçados) a trabalhar como loucos para publicarmos uns papers, que ainda têm de ser submetidos a uns refrees que estão sempre a ver onde nos podem “compilar”, e, se o artigo é bom, e se nós até já somos conhecidos no “mercado” pelo número e qualidade de artigos que publicamos, os gajos ainda nos pegam pelo inglês. Aqui podemos sempre aplicar a expressão de um colega meu, numa situação semelhante: I like to innovate. E que tal, pagarem pela inovação? Não, não recebemos um mísero cêntimo e ficamos hiper-felizes quando o artigo vem para trás com uma série de correcções e com uma chamada de atenção do tipo: Olhe, sabe, aqui na “casa” também temos gente que escreveu sobre algo parecido, e que tal escrever essa referência no paper. Lá voltamos nós a sentirmo-nos “compilados”, mas como a revista tem um índice de impacto elevado, só nos resta escrever a referência. Finalmente (o que pode significar meses de espera e angústia), recebemos o veredicto final: aceite para publicação e não cabemos em nós de contentes. Alguém nos paga alguma coisa? Jamais. A nossa felicidade diminui? Não. Como os bloguistas passamos a consultar quase diariamente o sitemeter das citações dos nossos papers e a nossas conversas diárias vão sempre dar ao mesmo: Então já mais alguém citou o teu artigo X? Ora, façam-me um favor: poupem-me. Não cobramos nada pelos papers, nem pelos capítulos de livros dos que nos compilam e depois alguém nos cobra 100 Euros por um livro de compilações e nós pagamos. Não sei, mas estava aqui a pensar se não deveríamos modificar estas situações.


Canela (A subversiva)

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda não estou em mim!
O meu pai que tem uma paciência de Jô para me aturar, depois de me ouvir durante um dia lá disse: Tenta ver as coisas por um outro prisma, este ano não vais ter de pagar propinas, o que significa que podes gastar 1000 Euros em Livros e sempre podes meter a factura no IRS. E pronto, o meu dia ficou logo mais azul! Já ando mais assim :)
O que me deixa assim :( é a quantidade de trabalho que trouxe para o fim de semana.
Beijinhos para os meus três amores